O representante do Fundo Monetário Internacional (FMI) em Angola, Marcos Souto, elogiou esta quarta-feira, 26 de Abril, os esforços do Governo angolano para a estabilidade económica, apesar de haver “muito trabalho a ser feito”.
“Há que se reconhecer, foi levantado um peso considerável nestes últimos três anos em condições extremamente difíceis, principalmente para um país exportador de petróleo como Angola. O ano de 2020 foi um ano muito difícil e, apesar de tudo isso, perseverou-se em medidas complicadas, complexas, difíceis de serem introduzidas”, disse Marcos Souto.
O representante do FMI falava na primeira edição do Angola Economic Outlook 2023, que se realizou em Luanda. Questionado sobre o apoio do FMI ao Governo de Angola, Marcos Souto afirmou que “não é ainda” o resultado que gostaria de ver.
“Há muito trabalho a ser feito, mas é importante que continuemos com o nosso esforço”, realçou.
Marcos Souto destacou que o principal risco para a economia angolana “ainda permanece no preço do petróleo”, pelo que “é preciso reduzir a exposição a esse risco”, com um peso cada vez maior de outros sectores na actividade económica em Angola.
Em 2020, devido à pandemia de covid-19 e à baixa do preço do petróleo, o país, que estava numa tendência de melhoria dos seus indicadores macroeconómicos, foi afectado por esses factores e exposição, sublinhou o responsável.
“Eu acho que está é uma questão fundamental, foi colocada por diversos líderes da equipa económica, inclusive do ponto de vista da importância dentro do Plano Nacional de Desenvolvimento – a questão da diversificação económica”, acrescentou.
O representante do FMI em Angola realçou que o Estado angolano por si só não tem condições para todo o esforço necessário para se atingir a diversificação e crescimento económico inclusivo e para criar melhores condições para a população, inclusive mais empregos.
“O Governo por si só não tem condições, não tem recursos suficientes para isso. Ouvi aqui diversas vezes nas perguntas a questão sobre se vamos dar mais subsídios para isso, para aquilo, para empréstimo… os recursos governamentais são limitados e as necessidades são inúmeras”, observou.
Segundo Marcos Souto, a alocação de recursos tem que ser feita “de uma forma judiciosa”, havendo necessidade de se identificar as principais causas que levam, por exemplo, à dificuldade da obtenção de crédito.
“Não é simplesmente uma questão de taxa de juros elevada, não é simplesmente uma questão de se impor aos bancos um determinado comportamento. Talvez não estejam preparados. Há aqui questões de natureza estrutural que precisam de ser abordadas, começando, por exemplo, pela capacidade humana, para que a população tenha condições de apresentar projectos que sejam bancáveis, que os bancos se sintam confortáveis em investir”, concluiu.