A empresa pública de electricidade sul-africana, Eskom, está a custar uma média de 55 milhões de dólares por mês em corrupção: está sobrecarregada de dívidas e é incapaz de produzir energia suficiente para a crise energética do país, disse esta quarta-feira o antigo director executivo da companhia, Andre de Ruyter.
Numa entrevista com uma comissão parlamentar de contas públicas, Andre de Ruyter confirmou as suas declarações sobre o nível de corrupção na Eskom num documento que apresentou.
“Esta é uma estimativa conservadora baseada na minha avaliação das perdas incorridas pela Eskom que chegaram ao meu conhecimento”, afirmou. São mil milhões de rands (55 milhões de dólares) que “estão a ser roubados à empresa” mensalmente.
Andre de Ruyter tomou posse como director executivo da Eskom em 2020, tendo sido destituído em Fevereiro de 2023. Horas antes da sua partida, numa entrevista, acusou altos funcionários do Governo, incluindo um ministro que se recusou nomear, de estarem envolvidos no saque aos cofres da companhia, manifestando ainda dúvidas sobre o empenho do Executivo na luta contra a corrupção endémica.
Durante vários dos últimos meses, os 60 milhões de sul-africanos ficaram sem electricidade até 12 horas por dia.
A principal potência industrial do continente não consegue retirar electricidade suficiente das centrais eléctricas antiquadas e em mau estado de conservação da empresa pública, situação que poderá agravar-se com o início do Inverno austral e com o aumento da procura.
A crise energética está a custar à economia cerca de 50 milhões de dólares por dia em perdas de produção, segundo o Governo.
Após anos de má gestão e corrupção sob o comando do ex-Presidente Jacob Zuma (2009-2018), a Eskom tem agora uma dívida de 422 mil milhões de rands (23 mil milhões de dólares) que o Governo está a tentar pagar.
A África do Sul continua a obter 80% da sua electricidade a partir do carvão. Um plano de investimento de 98 mil milhões de dólares foi aprovado no ano passado, na COP27, como parte de um acordo para uma transição justa para as energias limpas.