O gás natural tem-se apresentado com grande potencial para o crescimento da estrutura produtiva do País, com efeitos positivos na economia, sendo actualmente visto como um dos recursos importantes para a geração e expansão da energia em muitos países em vias de desenvolvimento.
Ao nível da África Subsaariana, existem mais de 590 milhões de pessoas sem acesso a energia eléctrica, sendo que uma boa parte do universo se encontra em Moçambique.
Diante destes indicadores, o Presidente da República, Filipe Nyusi, considera importante que se olhe para o gás natural como uma fonte fundamental e alternativa para geração de energia no País, assim como na região austral, o que, segundo o mesmo, vai diminuir a dependência das hidroeléctricas.
“Grande parte dos países tem como fonte a energia hidroeléctrica, cuja tecnologia está refém das mudanças climáticas, o que confere algumas restrições. Portanto, o gás serve para reduzir essa dependência”, secundou.
Intervindo na cerimónia de abertura da 9.ª edição da Conferência e Exposição de Mineração e Energia de Moçambique (MMEC), que tem lugar em Maputo desde esta quarta-feira (26), o chefe do Estado afirmou que, nos últimos dez anos, cerca de 2/3 da produção da energia foram fruto das centrais térmicas a gás, facto que oferece maior flexibilidade e estabilidade face às incertezas decorrentes das alterações climáticas.
No entanto, apesar de a energia proveniente do gás se apresentar como uma alternativa viável e benéfica, o estadista alertou para a falta de financiamento externo por parte de algumas instituições internacionais.
“O gás é menos poluente, serve para salvaguardar a natureza e apresenta-se como solução de longo prazo. Mas ainda existe o dilema do financiamento para estes projectos de energias fósseis. Portanto, queremos apelar que se levem em conta, pois irã impactar positivamente no desenvolvimento”, disse.
Enquanto não se alcançam os fundos para a energia fóssil, Filipe Nyusi avançou que estão em curso outros investimentos na área energética, com destaque para a construção da linha de alta tensão que liga Moçambique e Maláui, cujas obras serão, provavelmente, finalizadas este ano.
A conferência organizada pelo Ministério dos Recursos Mineiras e Energia (MIREME) através da Empresa Nacional de Hidrocarbonetos (ENH), em parceria com a AME Moçambique e a AMETrade, decorre em Maputo, sob o lema “Utilizando os recursos naturais de Moçambique para um desenvolvimento económico transformador e sustentável”, e terá a duração de dois dias (26 e 27), onde juntará governantes, empresários e especialistas nas áreas extractiva e de óleo e gás.