A economia angolana deve crescer entre 1% a 1,5% em 2023, penalizada pelo desempenho do sector petrolífero que deverá apresentar uma quebra acima dos 6%, estima o gabinete de estudos económicos do Banco Fomento Angola (BFA).
Para 2023, a economia não petrolífera deve crescer de forma semelhante a 2022, entre 3,8% e 4,3%, enquanto a economia petrolífera deve registar uma quebra significativa entre 6,1 e 6,6%, destaca o BFA numa informativa a que a Lusa teve acesso.
“Assim, a economia como um todo deverá crescer entre 1% e 1,5%”, em 2023, segundo as previsões do gabinete de estudos, mais pessimistas do que as do Governo angolano (3,3%), Banco Mundial (2,6%) e Fundo Monetário Internacional (3,5%).
O BFA realça ainda a contracção de 5% da economia petrolífera no quarto trimestre de 2021, interrompendo uma sequência de três trimestres consecutivos de crescimento.
Já o desempenho da economia não-petrolífera foi bastante positivo (5,2% face ao trimestre anterior e 4,4% em termos homólogos), uma vez que todos os sectores cresceram.
“Olhando para 2022 como um todo, a economia angolana mostra ainda um nível geral de actividade que está 1,6% abaixo de 2019, altura anterior à pandemia”, indica a nota do BFA enviada à Lusa, destacando, no entanto que a economia não-petrolifera demonstra “crescimento relevante” mesmo face a este período ficando 5,4% acima dos níveis de 2019.
A contribuir para o aumento da actividade não petrolífera estiveram sobretudo os sectores do comércio, da construção, dos transportes e da agricultura.
O sector dos diamantes e minerais quase não contribuiu para a evolução da actividade económica no quarto trimestre de 2022, salientando-se o “comportamento bastante volátil” do sector nos últimos seis trimestres, mas deve crescer mais no primeiro trimestre de 2023, estimam os analistas do BFA.
Por outro lado, o sector petrolífero interrompeu o ciclo de crescimento dos últimos três trimestres e contraiu 5%, em resultado do declínio da produção e da paragem para manutenção do campo petrolífero Dália, no Bloco 17, o maior de Angola
Face à queda na produção, e tendo em conta que não estão previstos novos grandes projectos de investimento este ano, o BFA antecipa um regresso a quebras em torno de 6% a 8% em 2023, com a quebra nas receitas de exportação a sinalizar uma futura pressão no mercado cambial.
“Para já, os dados da OPEP (Organização dos Países Exportadores de Petróleo) demonstram que no primeiro trimestre de 2023 a produção petrolífera fixou-se em torno dos 1,07 milhões de barris dia (mbd), perfazendo uma contracção homologa de 7,2%; por outro lado, os dados das exportações petrolíferas indicam uma quebra homóloga de 6,6%. Ou seja, o PIB petrolífero poderá ter caído numa magnitude similar no primeiro trimestre de 2023”, refere a folha informativa.
Por outro lado, a actividade económica não petrolífera deve continuar a crescer em 2023 e a inflação manter a trajectória de desaceleração, estimando-se que flutue na casa dos 0,8%-0,9% nos próximos meses.
A inflação homóloga deve descer muito gradualmente até um mínimo em torno dos 10% algures a meio do ano, suportando mais flexibilização da política monetária e descida de juros.
A actividade económica deverá voltar a acelerar para um ritmo médio a rondar os 3% a 5% no período entre 2024-2025, indica o documento.