O presidente do conselho de administração (PCA) da Electricidade de Moçambique (EDM), Marcelino Alberto, informou esta quarta-feira, 5 de Abril, durante a visita de cortesia efectuada pelo Presidente da Zâmbia, Hakainde Hichilema, à Central Termoelétrica de Maputo (CTM) que “a Zâmbia pagou hoje a última tranche de 22 milhões de dólares de dívida que tinha com Moçambique devido ao consumo de energia”.
“Nós tivemos uma situação em 2016, quando trouxemos a barcaça de Nacala. Na altura fornecíamos energia à Zâmbia, um processo que começou naquele ano e terminou em 2018. Depois parámos, infelizmente, por causa dos pagamentos, pois a Zâmbia não tinha capacidade de nos pagar quando terminámos o fornecimento”, esclareceu Marcelino Alberto. “Começámos então a negociar, em 2020, a amortização dessa dívida que ascendia, na altura, a 75 milhões de dólares. O pagamento foi feito aos poucos, dois milhões de dólares todos meses”.
Continuando, o dirigente da EDM referiu que “desta vez negociámos para eles (zambianos) pagarem a última tranche (22 milhões de dólares) para podermos retomar o fornecimento, e essa era a condição que púnhamos na mesa. O consumo de energia por parte da Zâmbia foi de dois anos, de 2016 a 2018”.
Marcelino Alberto, durante a visita, anunciou um outro projecto que a EDM tem com a Zâmbia: “no futuro pretendemos fazer uma interligação de 400 megawatts entre os dois países partindo da subestação de Matambo até ao lado da fronteira da Zâmbia. É uma linha que estamos a desenvolver e já fizemos o estudo de viabilidade. Serão necessários 411 milhões de dólares para construir 376 quilómetros de linha, pelo que estamos agora a mobilizar o financiamento que é para poder implementar o projecto”.
Sobre a mobilização do financiamento, Marcelino Alberto esclareceu que “os zambianos têm uma facilidade: é que conseguiram dois biliões de dólares do Qatar e estão a pensar em usar parte desse valor para este investimento”.
Por sua vez, o Presidente da Zâmbia, Hakainde Hichilema, referiu que “a segurança do fornecimento energético é importante na nossa região, para a nossa indústria e, de um modo geral, para a nossa economia”, disse, para depois explicar que ”quando ouvimos falar de segurança, pensamos logo em questões políticas e violência. A segurança vai além disso, pois temos a segurança energética que é crucial para a nossa agenda, pois estipula o crescimento das nossas economias e, neste processo, a criação de mais empregos para os jovens”.
Por fim, o chefe de Estado zambiano defendeu a “necessidade de as duas equipas, tanto a moçambicana como a zambiana, trabalharem de forma conjunta para tirar a energia de onde é gerada para onde é necessitada ou regista uma procura. Tal significa que temos de investir nas nossas linhas de transmissão”.