A descoberta foi feita por um grupo de cientistas da China e do Reino Unido a partir de colheitas feitas pelo rover Chang’e-5. Segundo os pesquisadores, a água pode ser encontrada em “gotas de vidro” que estão espalhadas por toda a superfície lunar.
Os cientistas já sabem há algumas décadas que existe água na Lua. Mas uma nova pesquisa, realizada por uma equipa de várias instituições da China e do Reino Unido, deu uma dimensão da quantidade encontrada no satélite natural da Terra: 300 biliões de toneladas de água.
A descoberta, foi publicada nesta segunda-feira (27) na revista Nature Geoscience, indica que a água lunar está armazenada em pequenas “gotas de vidro” que estão espalhadas em toda a superfície lunar e se formaram a partir do impacto de meteoritos na Lua.
O responsável por encontrar o líquido na superfície lunar foi o rover Chang’e-5, que, em 2020, permaneceu duas semanas no local e recolheu 150 amostras de “gotas de vidro” menores que um milímetro, tendo os pesquisadores indicado que a partir dessas formações seria possível extrair água.
“Este trabalho contribui para o crescente consenso de que a Lua é mais rica em água do que se pensava anteriormente”, disse Ian Crawford, professor de Ciência Planetária e Astrobiologia em Birkbeck, Universidade de Londres, em entrevista ao The Guardian.
“Este reservatório adicional de água lunar pode ser um recurso útil em áreas distantes dos supostos depósitos de gelo polar, mas não devemos sobrestimar a quantidade de água presente, que é de, no máximo, 130 ml por metro cúbico de solo lunar”, completou o pesquisador.
A descoberta é considerada um dos avanços mais importantes para tornar possível o plano de agências espaciais criarem bases permanentes de pesquisas na Lua. Isso porque, segundo os cientistas, as “gotas de vidro” podem indicar não só uma fonte altamente acessível de água, mas também de hidrogénio e oxigénio.
“Gotas de vidro”: perceba o reservatório de água na Lua
Segundo os cientistas, essas “gotas” formaram-se a partir do impacto de meteoróides na Lua, que geraram chuvas de gotículas derretidas, depois solidificadas e misturadas com a poeira lunar. Já a água, destaca o The Guardian, parece formar-se quando partículas de alta energia que fluem do sol – o chamado vento solar – atingem as gotículas.
O vento solar contém núcleos de hidrogénio, que se combinam com o oxigénio nas gotículas para produzir água ou íons hidroxila. A água fica, então, presa nas esferas, mas pode ser liberada pelo aquecimento do material.
“Não é que se possa sacudir o material e a água comece a pingar, mas há evidências de que quando a temperatura desse material ultrapassar 100°C, ele começará a sair e poderá ser colhido”, explicou Mahesh Anand, professor de Ciência Planetária e Exploração na Open University.
Testes adicionais no material mostraram que a água difunde-se para dentro e para fora das gotas, no espaço de alguns anos, confirmando um ciclo activo daquele líquido na Lua.
Fonte: Globo