O Fundo Africano de Garantia (AGF, sigla em inglês) vai assumir 75% dos riscos de financiamento a projectos de mulheres de Pequenas e Médias Empresas (PME) de Angola, anunciou esta terça-feira, 28 de Março, em Luanda, o director executivo, Jules Ngakam.
“Esta decisão faz parte dos esforços para empoderar a capacidade de meninas e mulheres empreendedoras em África”, afirmou o responsável, no âmbito da abertura da série financeira da AFAWA (Acção Financeira Afirmativa para as Mulheres em África).
“Com este programa de garantia vamos partilhar o ‘fardo’ e reduzir os riscos desta actividade de empréstimo. Normalmente quando trabalhamos com bancos, assumimos 50% dos riscos para cada 100 dólares que emprestarem e ficamos com 50% dos riscos. Neste programa vamos ficar com 75%”, frisou Jules Ngakam, que destacou o empenho do AGF em trabalhar com instituições financeiras através da AFAWA (sigla inglês), o seu programa de garantias.
Segundo a fonte, o Fundo de Garantia providencia também apoio técnico às instituições parceiras financeiras, para que possam desenvolver o portefólio de empréstimo a mulheres, realçando que, no continente africano, são elas que têm maior participação na actividade económica. Ainda assim, com menor contribuição no Produto Interno Bruto (PIB), “porque a maior parte destas mulheres estão no sector informal”, acrescentou.
“O que nós queremos ver aqui é como podemos trabalhar juntos para que as mulheres continuem com as suas actividades formalizadas, de modo que participem a 100% nas riquezas do país e, consequentemente, no PIB”, sublinhou.
A AFAWA é uma iniciativa pan-africana do Banco Africano de Desenvolvimento (BAD), que visa reduzir o défice de financiamento estimado em 42 mil milhões de dólares que afecta as mulheres empresárias em África.
Em Janeiro de 2021, o BAD e o AGF assinaram um acordo de partilha de risco de 250 milhões de dólares, através da AFAWA, com o objectivo de desbloquear até 2 mil milhões de dólares para financiar PME pertencentes a mulheres africanas, através de instituições financeiras.
O mecanismo de partilha de riscos é apoiado por uma subvenção de assistência técnica de 25 milhões de dólares à AGF, para aumentar a capacidade das instituições financeiras que beneficiam do mecanismo para melhor responder às necessidades das mulheres, bem como ajudá-las no aumento da sua capacidade bancária.
Até 2026, a AFAWA tem como meta desbloquear cinco mil milhões de dólares em financiamento para PME detidas e geridas por mulheres, sendo a iniciativa apoiada pelos parceiros e doadores do BAD, pelos países do G7, e ainda pela Suécia e Países Baixos, assim como pela Women Entrepreuners Finance Initiative (We-Fi).