Um terço das organizações africanas que participou no primeiro estudo realizado pela KPMG sobre cibersegurança, nomeadamente em Angola e Moçambique, declarou ter sido alvo de um ciberataque nos últimos 12 meses, revelou esta segunda-feira, 27 de Março, a empresa de consultoria.
Os sectores financeiro, da energia e recursos naturais, da indústria e das tecnologias de informação e comunicação (TIC) são os mais afectados pelas ameaças cibernéticas, sendo que uma das principais consequências foi o comprometimento do e-mail empresarial, segundo a primeira edição do “Africa Cyber Security Outlook”.
A análise foi realizada em 2022 junto de 300 responsáveis de empresas no continente africano, nomeadamente Angola, Moçambique, África do Sul, Benim, Gana, Nigéria, Quénia, Ruanda, Tanzânia, Uganda e Zâmbia.
O estudo, que a empresa já apresentou em Angola e cujas principais conclusões divulgou esta segunda-feira em comunicado, abrangeu interlocutores de vários sectores de actividade, considerando tanto grandes (44%) como pequenas e médias empresas (56%) e revela que, perante as ameaças, as organizações estão a dar cada vez mais importância à aplicação de medidas de protecção.
Cerca de 75% dos inquiridos indicou que têm estratégias de cibersegurança regularmente actualizadas ou adaptadas às ameaças identificadas, sendo esta a postura correcta, como referiu Carlos Borges, responsável da KPMG Angola.
“A proactividade na identificação de ameaças e de mecanismos de defesa é fundamental”, referiu Carlos Borges, sublinhando que “a proliferação de serviços digitais veio ampliar a superfície de ataques cibernéticos e aumentar a urgência de adopção de medidas de protecção”, sendo “fundamental que as empresas integrem, por exemplo, o risco cibernético nas suas estratégias de negócio”.
Neste capítulo surge um desafio, já que cerca de duas em cada três empresas sentem dificuldades no recrutamento e retenção de profissionais qualificados em matéria de cibersegurança”, segundo o estudo.
Apesar deste desafio, as empresas reconhecem a importância desta temática, com 55% dos inquiridos a afirmar que as suas organizações planeiam recrutar em breve, para a área de cibersegurança. Além disso, têm investido na estratégia de cibersegurança, o que, de acordo com este estudo, poderá significar uma redução de 50% da probabilidade de virem a ser vítimas de um incidente de grandes proporções.