O presidente russo, Vladimir Putin, prometeu esta segunda-feira, 20 de Março, entregar cereais a África, se o acordo de exportação ucraniano não for continuado dentro de dois meses, na sequência da prorrogação anunciada no sábado (18) pelo seu homólogo turco, Recep Tayyip Erdogan.
“Se finalmente decidirmos não prolongar este acordo em 60 dias, então estamos prontos para entregar gratuitamente todo o volume que tem sido destinado aos países mais necessitados de África nos últimos tempos”, afirmou Vladimir Putin, num discurso perante dirigentes africanos, em Moscovo, acrescentando que “a Rússia estava a cumprir conscienciosamente todas as suas obrigações, no fornecimento de alimentos, fertilizantes, combustível e outros produtos críticos aos Estados do continente, ajudando assim a garantir a sua segurança alimentar e energética”.
Repetiu, mais uma vez, as suas críticas aos europeus, acusando-os de açambarcarem cereais à saída dos portos ucranianos.
“Apenas três milhões de toneladas de cereais foram enviados para África e 1,3 milhões para os países mais pobres de África”, disse, em comparação com os 12 milhões de toneladas enviados da Rússia para o continente.
O presidente russo disse ainda, no seu discurso, que Moscovo decidiria sobre a sua futura participação no negócio de cereais, que foi prolongado no sábado até 18 de Maio, apenas se uma implementação justa e completa do mesmo fosse assegurada.
Nesta segunda-feira, o Ministério dos Negócios Estrangeiros russo tinha condicionado a continuação de Moscovo do acordo, entre outras coisas, à reconexão do Rosselkhozbank ao sistema de pagamentos internacionais Swift, à abolição das restrições aos seguros e resseguros de navios e à libertação de activos e contas estrangeiras de empresas russas associadas à produção e transporte de alimentos e fertilizantes”.
“Sem progressos no cumprimento destes requisitos (…) a nossa participação será suspensa”, advertiu o Ministério russo.
Na forma actual, “o acordo continuará a funcionar durante os próximos dois meses dentro dos parâmetros existentes, sem quaisquer alterações nos portos em causa”, afirmou na declaração.