No mês de Março, recordamos a luta histórica das mulheres para terem condições de trabalho iguais às dos homens. Celebramos também os grandes nomes femininos do nosso passado e do nosso presente e, por esta razão, trazemos hoje uma lista de cinco mulheres que revolucionaram as técnicas e ajudaram a democratizar o vinho para um público mais vasto.
O facto é que muitas destas figuras deram – e ainda dão – grandes contributos para o mercado mundial do vinho.
Madame Clicquot
Madame Clicquot foi como Barbe-Nicole Clicquot-Ponsardin que se tornou conhecida, uma figura emblemática da vinicultura francesa.
Aos 27 anos, ficou viúva do filho do fundador da Maison Clicquot e assumiu o controlo da empresa. Isto não era assim tão invulgar se tivermos em conta um período de guerra, nos séculos XVIII e XIX: muitas mulheres perderam os seus maridos e assumiram o negócio da família.
O ponto alto para Madame Clicquot, no entanto, foi a sua contribuição inovadora para o mercado vinícola francês. Muito pouco se sabia sobre os processos de produção e como manter a qualidade dos vinhos espumantes.
A empresária foi uma das pioneiras a defender a montagem na produção daquele tipo de vinhos para que tivessem consistência no produto final. Para resolver a turbidez que era comum aos vinhos espumantes na altura, criou a técnica chamada remuage, que consiste em virar cuidadosamente as garrafas de champanhe sobre uma prateleira especial para remover o sedimento do vinho durante a fermentação.
Madame Clicquot morreu em 1866, mas as suas técnicas ainda hoje são utilizadas. A marca Veuve Clicquot, que ela fundou, é um símbolo de luxo e qualidade em todo o mundo.
Baronesa Philippine de Rothschild
Outro ícone francês, mas nascido um século e meio depois de Barbe-Nicole, Philippine era filha do banqueiro Barão Philippe de Rothschild, fundador da famosa adega Château Mouton Rothschild. Ela interessou-se pelo processo de vinificação, estudou enologia e trabalhou na adega familiar.
Com a morte do pai em 1988, assumiu a liderança da Château Mouton Rothschild e passou a produzir alguns dos melhores vinhos do mundo, recebendo muitos prémios e reconhecimento pelo seu trabalho.
Entre as suas grandes realizações estão a construção da adega Opus One de Napa Valley e a união com a Concha y Toro que resultou no lançamento do ícone chileno Almaviva. Ainda no Chile, surgiu de Mouton Rothschild a adega Escudo Rojo, outro importante empreendimento.
Philippine de Rothschild morreu em Agosto de 2014 em Paris.
Dona Ferreirinha
Dona Antónia Adelaide Ferreira, também conhecida como “Dona Ferreirinha”, foi uma das primeiras mulheres a empreender vinho em Portugal e marcou a história do vinho do Porto.
Tal como Madame Clicquot, ela assumiu a propriedade após a morte do seu marido e levou-a a outro nível: investiu em tecnologias para combater a filoxera, introduziu novos métodos de produção e expandiu o negócio.
Após a sua morte, a adega continuou a ser uma das mais importantes em Portugal. Em 1952, mudou o seu nome para Casa Ferreirinha e lançou o primeiro vinho Barca Velha, um dos vinhos mais prestigiados de Portugal.
Susana Balbo
Susana foi a primeira mulher argentina a formar-se em enologia. Nascida em Mendoza, trabalhou em várias adegas dentro e fora da Argentina e consolidou a uva Torrontés como uma das mais importantes do vinho argentino.
Em 1999, fundou a sua própria adega, melhorou os seus processos de vinificação, investiu em terroirs inexplorados e passou a produzir grandes vinhos.
Susana não é apenas uma figura emblemática do vinho, mas também uma mulher empenhada em colocar o vinho argentino no mapa do mundo.
Ocupou três vezes o cargo de presidente da entidade Wines of Argentina, aumentando as exportações de vinhos do país e, em 2015, foi eleita deputada nacional.
Em 2017, passou a representar a Argentina na Women 20, o braço feminino do G20, que apela à igualdade de género e ao empoderamento económico das mulheres.
Jancis Robinson
Jancis Robinson é crítica de vinhos, escritora e conselheira da família real britânica. Uma das principais autoridades mundiais em matéria de vinho, Jancis foi a primeira pessoa fora da indústria vinícola a tornar-se Mestre do Vinho em 1984.
Entre os seus muitos títulos – escritora, crítica de vinhos e autora de importantes guias – o mais curioso é que Jancis é uma conselheira de vinhos da família real britânica.
É a mulher que mais tem feito pela informação e democratização do vinho em todo o mundo, com a sua linguagem acessível e didáctica nas suas publicações.
Fonte: CNN Brasil
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