Uma das conclusões que o estudo “Mapping the Transport Companies in Mozambique and Assessing their Potential to Serve the Sophisticated Corporate Markets” refere é que apenas 10% da força de trabalho executada no sector de transportes de mercadorias é realizado por mulheres. E em funções predominantemente administrativas.
Segundo o censo de 2017, as mulheres representam cerca de 52,1% do total da população num total de cerca de 28,6 milhões de pessoas.
Se por um lado este dado referido acima é por si preocupante e deve ser objecto de análise profunda, o cenário adensa-se quando verificamos que cerca de 82% do total da massa trabalhadora do sector atingiu, no máximo, o ensino secundário.
Dada a importância que o sector de transporte de mercadorias tem neste momento em Moçambique, torna-se imperioso o desenvolvimento de ferramentas que permitam ao sector melhorar a qualidade dos recursos humanos.
As recomendações que o estudo refere devem ser analisadas em duas perspectivas: a perspectiva interna das empresas no sentido em desenvolver uma série de medidas que estas devem implementar por capacidade própria ou recorrendo a programas de apoio e a perspectiva externa que diz respeito às medidas que devem ser tomadas pelos intervenientes neste sector de actividade como as instituições de ensino, programas de apoio à formação, organizações representativas do sector, comunicação social e a própria tutela.
Na vertente interna, embora já algumas empresas estejam a desenvolver o aqui sugerido, é necessário as empresas organizarem internamente programas de formação que tenham como objectivo melhorar a capacidade dos seus gestores, aplicar o pensamento estratégico no processo de decisão e melhorar o seu papel de liderança. Ou, em alternativa, recorrerem a empresas especializadas para o efeito.
Este tipo de formação que se aplica a toda a estrutura das empresas não se destina apenas aos gestores de topo da empresa, mas sim a todos o que participam no dia a dia das empresas onde trabalham. É importante que todos percebam o que é a empresa onde trabalham, o que faz, o que pretende e como cada trabalhador deve executar a sua actividade para que a empresa possa conseguir atingir os seus objectivos.
Na vertente externa temos uma variedade de sugestões:
Ligação do setor privado às universidades e instituições de ensino para a criação de modelos de formação modular para os quadros das empresas com grande ênfase a aspectos práticos do dia a dia e projectos específicos;
Disseminar a necessidade de utilização de terminologia correcta quer na área de gestão, de processos e requisitos por diversas formas com o objectivo de tornar a comunicação mais simples e facilmente compreendida não só nas empresas, mas também no sector em geral;
Promover um sistema de incentivos progressivos no processo de certificação das empresas na medida em que estas sejam reconhecidas por entidades reguladoras do sector pelo seu esforço no processo de melhoramento da sua organização;
Estabelecimento de um prémio nacional para as empresas que operam neste sector e nos seus subsectores tendo por base novos critérios ligados à certificação e outras métricas que demonstrem um melhoramento notório das suas organizações;
Maior cobertura da comunicação social nos acidentes de viação com o objectivo de mostrar a todos os gestores e funcionários destas empresas a importância da manutenção de níveis de segurança das viaturas no processo de transporte, na sua manutenção e na formação do seu pessoal;
O problema da condução sob o efeito de álcool, um assunto que pela sua importância será tratado num dos próximos artigos.
O desenvolvimento das empresas do sector depende muito da capacidade dos seus recursos humanos que são a ativo mais importante das organizações. Reforçar a sua capacidade é fundamental.
É necessário adequar os sistemas de formação à realidade do dia a dia que está em constante transformação.
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