A reabilitação do porto de Mocímboa da Praia, na província de Cabo Delgado, que esteve nas mãos dos terroristas, deverá custar 30 milhões de dólares, segundo avançou o administrador do distrito, Helenio Turzão.
De acordo com a fonte, espera-se que as obras sejam concluídas até meados deste ano. “Nesta primeira fase, já foi feito um investimento de cerca de seis milhões de dólares, mas no final de todo o programa de desenvolvimento calculámos um total de 30 milhões de dólares”, declarou Helenio Turzão.
Na noite de 12 de Agosto de 2020, os grupos armados que têm protagonizado ataques a Cabo Delgado invadiram o porto de Mocímboa da Praia e os confrontos com as Forças de Defesa e Segurança deixaram um número desconhecido de mortos, incluindo elementos da força marítima, além de várias infra-estruturas destruídas.
Helenio Turzão afirmou que os terroristas que ocuparam o porto e a sede de Mocímboa da Praia por vários meses devastaram toda a infra-estrutura, bem como a carga de vários clientes que estava no local.
“Nós encontrámos o porto muito destruído, quer sob o ponto de vista da infra-estrutura, quer da carga. Tivemos de fazer toda a actividade de limpeza para dar início à reabilitação”, explicou o administrador.
As obras da infra-estrutura, que incluem a construção de um novo cais e a reabilitação do parque de contentores, começaram em Agosto de 2022 e deverão terminar em Julho deste ano, num momento em que o distrito gradualmente ganha vida como resultado das operações conjuntas das forças moçambicanas, do Ruanda e da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC).
“Nós encontrámos o porto muito destruído, quer sob o ponto de vista da infra-estrutura, quer da carga. Tivemos de fazer toda a actividade de limpeza para dar início à reabilitação”
“O tecido comercial e industrial já está a regressar com alguma força, o que significa que já existe actividade económica para as populações que têm estado a regressar a bom ritmo”, concluiu Helenio Turzão.
No total, cerca de 62 mil pessoas abandonaram a vila costeira devido ao conflito que começou há cinco anos, com destaque para as fugas em massa que ocorreram após a intensificação das acções rebeldes em Junho de 2020.
A vila costeira foi aquela em que grupos armados protagonizaram o seu primeiro ataque em Outubro de 2017, tendo sido, por muito tempo, descrita como a “base” dos terroristas.
Mocímboa da Praia está situada 70 quilómetros a sul da área de construção do projecto de exploração de gás natural, em Afungi, liderado pela TotalEnergies.
A província de Cabo Delgado tem vindo a ser assolada por um conflito desde 2017 que aterroriza as populações. Grupos de rebeldes armados têm pilhado e massacrado aldeias e vilas um pouco por toda a província e uma variedade de ataques foi reivindicada pelo ‘braço’ do autoproclamado Estado Islâmico naquela região.
O conflito já provocou mais de 4000 mortes (dados do The Armed Conflict Location & Event Data Project) e pelo menos um milhão de deslocados, de acordo com um balanço feito pelas autoridades moçambicanas.
Desde Julho de 2022 que uma ofensiva militar de Maputo, com apoio do Ruanda e, posteriormente, da SADC, possibilitou um clima de maior segurança na região que não era sentido há anos, e recuperou localidades que estavam controladas pelos rebeldes, como a vila de Mocímboa da Praia, que estava ocupada desde 2020.
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