A consultora Fitch Solutions prevê um crescimento de 8,4% nos empréstimos dos bancos em Moçambique, acelerando face à expansão de crédito de 3,9% registada no ano passado e sustentada na descida das taxas de juro.
“Vemos o crescimento dos empréstimos bancários em Moçambique a acelerar de 3,9% em 2022 para 8,4% este ano e acreditamos que a queda das taxas de juro vai melhorar a procura por crédito bancário este ano”, escrevem os analistas desta consultora detida pelos mesmos donos da agência de notação financeira Fitch Ratings.
Na análise ao sector bancário, enviada aos clientes neste sábado, 11 de Março, e a que a Lusa teve acesso, a Fitch Solutions escreve que a redução do endividamento interno por parte do Governo vai dar mais espaço para que os bancos concedam mais crédito aos particulares e às empresas privadas.
O Banco de Moçambique apresentou recentemente os dados relativos aos empréstimos no ano passado, tendo registado um crescimento de 3,9%, abaixo dos 4,9% registados em 2021.
“Atribuímos isto principalmente ao aumento da taxa de juro central de 18,2%, em 2021, para 20,1% em 2022, que colocou pressão na liquidez no ano passado, resultando em custos de endividamento maiores e tendo um impacto na procura de crédito”, escrevem os analistas.
Para a Fitch Solutions, o regulador financeiro deverá manter a taxa de juro directora nos 17,25% este ano, o que fará com que as taxas nominais desçam, e a inflação deverá abrandar de uma média de 9,9% em 2022 para 8,6% em 2023.
Na nota de análise, a Fitch Solutions salienta ainda que a redução das emissões de dívida pública internas vão aumentar o espaço dos bancos para emprestarem a particulares.
“No seguimento das dificuldades de acesso a financiamento externo entre 2016 e 2022 devido ao Incumprimento Financeiro de 2017, Moçambique recuperou o acesso a financiamento do Fundo Monetário Internacional (FMI) e do Banco Mundial em 2022, e o Governo vai utilizar uma parte do empréstimo de 456 milhões de dólares do FMI e da subvenção de 300 milhões de dólares do Banco Mundial para financiar o défice”, lê-se na nota.
Para além disso, acrescentam, “o aumento das receitas provenientes do sector do gás vai limitar a necessidade de o Governo se endividar junto dos bancos moçambicanos”.
Em Dezembro de 2021, a percentagem de títulos de dívida interna no total da carteira dos bancos tinha crescido 25,8% em Dezembro de 2021 face ao período homólogo, mas em Dezembro de 2022 esse crescimento foi de apenas 0,4%, “uma tendência que se vai manter em 2023 e assim dar espaço aos bancos para direccionarem as suas actividades para os empréstimos a clientes como fonte de rendimento”.
Para 2024, a Fitch Solutions estima um crescimento de 8,8% no crédito aos consumidores e ao sector privado, sustentado numa redução das taxas de juro para 16,25% e numa descida da taxa de juro média para empréstimos de 19,6% este ano para 16,3% em 2024.
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