A Confederação das Associações Económicas de Moçambique (CTA), maior agremiação empresarial do País, estima que as vítimas de raptos em Moçambique, na maioria empresários, já pagaram cerca de 2,2 mil milhões de meticais em resgates desde 2014.
“Estimativas preliminares, num estudo em curso, apontam que esta indústria criminosa dos raptos representou cerca de 2,2 mil milhões de meticais, até 2022, extorquidos aos empresários”, afirmou o presidente da CTA, Agostinho Vuma, numa intervenção pública nesta segunda-feira, 27 de Fevereiro.
A Lusa tentou obter o documento, mas fonte da CTA disse que se trata de um estudo ainda em aberto, não estando disponível para consulta pública.
Os raptos têm como consequência a fuga de capitais e a retracção de investimento na economia nacional, prosseguiu Vuma, sem referir como é que a CTA chegou àquela cifra preliminar paga em resgates.
Maputo e as capitais provinciais têm sido palco de raptos desde 2020, visando principalmente empresários ou seus familiares. Segundo números oficiais, Moçambique registou 13 raptos em 2022 e 33 detenções ligadas aos crimes, mas estima-se que haja casos que não sejam devidamente reportados.
A procuradora-geral da República, Beatriz Buchili, referiu que “alguns” agentes da polícia, investigadores, advogados e magistrados são suspeitos de envolvimento nos raptos, acrescentando que, nalguns casos, há ramificações com a África do Sul. E acrescentou a existência de vítimas, “constantemente chantageadas”, mesmo depois de libertadas, para pagarem quantias em dinheiro como garantia de não voltarem a ser raptadas.
Já em Janeiro deste ano, o director-geral do Serviço Nacional de Investigação Criminal (SERNIC) admitiu, em entrevista à Agência de Informação de Moçambique, o envolvimento de funcionários da administração da justiça nos casos de sequestro que ocorrem no País.