A empresa Gemfields, que possui instalações mineiras em Moçambique e no Quénia, informou esta terça-feira, 21 de Fevereiro, que está atenta ao desenvolvimento das actividades insurreccionais na província de Cabo Delgado, destacando a importância da segurança que coloca no pessoal operacional naquela província depois de uma série de ataques.
Através do portal de notícias da África do Sul, Mining Weekly, a Gemfields explicou que a mina emprega cerca de 1400 pessoas, sendo 95% de nacionalidade moçambicana e desempenha um papel importante em Cabo Delgado, apoiando na educação e nos cuidados de saúde nas comunidades locais.
No entanto, a mina optou por evacuar o seu campo de exploração do ouro de Nairoto, que se situa a 83 km a norte da Montepuez Ruby Mining (MRM), no distrito de Montepuez, e a cerca de 15 km da aldeia que sofreu o último ataque, com o intuito de garantir a segurança do pessoal e da prospecção.
A 6 de Junho de 2022, vários ataques atribuídos aos terroristas ocorreram nas proximidades de Ancuabe, em Cabo Delgado, que fica a 65 km a leste da MRM. Nessa altura, a maioria da actividade insurreccional ocorreu a mais de 150 km a nordeste da MRM, o que levou a Gemfields a emitir restrições de viagem ao pessoal da Montepuez devido aos incidentes ocorridos entre 15 km e 40 km a norte das estradas Número Um (N1) e Número 14 (N14), a principal rota utilizada pela MRM para viajar de e para a cidade costeira de Pemba, capital provincial.
Um ataque ainda mais próximo, ocorrido no dia 20 de Outubro de 2022, numa mina de rubi perto da MRM, obrigou a Gemfields a evacuar funcionários operacionais e empreiteiros da MRM. Desta vez, as operações foram suspensas, com o pessoal de segurança da mina e a polícia moçambicana a serem complementados no local por membros das forças militares moçambicanas. O pessoal da MRM regressou a 24 de Outubro de 2022, acompanhado por membros militares moçambicanos, por razões de segurança.
Motivo de preocupação
As duas evacuações mais recentes da MRM e Nairoto apresentam “um motivo de preocupação considerável” para todos na Gemfields, particularmente para aqueles em Moçambique, referiu a empresa ao Mining Weekly, sublinhando que a saúde e segurança dos seus empregados e empreiteiros é “claramente a nossa maior prioridade”.
A Gemfields explica que monitoriza activamente a actividade de insurreição na província de Cabo Delgado, com níveis de risco que variam em alturas diferentes: “dispomos de um planeamento de emergência para dar prioridade à protecção do nosso pessoal e das nossas operações. Continuamos em estreita comunicação com a polícia, os militares e o Governo”.
Nos últimos 18 meses, os incidentes envolvendo os rebeldes ocorreram mais perto das operações da Gemfields, em parte porque foram expulsos de áreas onde estão em curso desenvolvimentos de gás natural no nordeste da província e, por conseguinte, migraram para o sul, sudoeste e oeste.
A MRM é o maior contribuinte de Cabo Delgado desde 2014, com 23% das receitas a reverterem para o Governo moçambicano em impostos e royalties minerais (receita líquida obtida pelo titular do direito de mineração), actualmente superiores a 200 milhões de dólares.
“Acreditamos que a MRM é um projecto ‘farol’ numa província que precisa desesperadamente de emprego e crescimento económico. Estamos naturalmente preocupados com o impacto sobre todos os interessados caso a situação se deteriore ainda mais”, fez saber a Gemfields, que informou ainda que a perturbação causada pela actividade insurreccional não resultou em nenhum impacto material na produção de rubis a partir da MRM, um dos depósitos mais significativos recentemente descobertos no mundo.
“As nossas operações em Nairoto foram interrompidas à luz dos últimos ataques dos insurgentes e, por conseguinte, as perspectivas de novos trabalhos de exploração, que esperamos que conduzam a mais empregos e crescimento económico, estão por enquanto suspensas”, concluiu a empresa.
Discussion about this post