A Associação de Comércio, Indústria e Serviços (ACIS), em parceria com a Bolsa de Valores de Moçambique (BVM) e o Moza Banco, realizou esta quinta-feira, 16 de Fevereiro, em Maputo, um pequeno-almoço sobre economia e negócios, subordinado ao tema “Perspectivas Macroeconómicas para 2023 e Sustentabilidade das Empresas Moçambicanas”.
Na ocasião, o presidente da Bolsa de Valores de Moçambique (BVM), Salim Valá, falou dos diversos desafios que as empresas enfrentam, nomeadamente a falta de infra-estruturas adequadas, falta de mão-de-obra qualificada, existência de regulamentações complexas e excessivamente burocráticas e o reduzido acesso ao financiamento.
Joaquim Jaime, membro da comissão executiva do Moza Banco, apontou alguns dos desafios das Pequenas e Médias Empresas (PME): a falta de contabilidade organizada, o que de certa forma faz com fiquem desorganizadas no que diz respeito ao controlo financeiro; o baixo capital social, levando a que as PME apresentem indicadores financeiros fracos; a gestão centralizada no único sócio da empresa; e a falta de fundo de maneio, que provoca uma forte dependência de capitais alheios.
Falando sobre “Empoderamento e Capacitação das Empresas Moçambicanas: A Visão da Bolsa de Valores de Moçambique”, Salim Valá referiu que “para que as empresas sejam mais competitivas e mais lucrativas devem ser capacitadas, por forma a terem mais poder de fazer escolhas”. E continuou: “as empresas procuram rentabilidade e lucratividade, mas se não tiverem uma forte instituição com capacidade, esses ganhos de lucratividade podem ser momentâneos. Então, o fortalecimento da própria instituição com o capital humano adequado é um activo económico para o próprio sector empresarial e constitui uma fonte de vantagem competitiva para as empresas”.
Salim Valá referiu ainda, na mesma sessão, que “nós, enquanto BVM, não estamos satisfeitos, porque temos 12 empresas cotadas, com uma capitalização bolsista de 24,5%, que é ainda muito pouco. A média da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC) são 35%, e queremos estar neste patamar em 2026” acrescentou. Ainda assim, “estamos satisfeitos em parte, pois o Estado, ‘dono’ da Bolsa, usa muito a instituição para se financiar, mas os empresários ainda não”.
Por sua vez, o representante do FMI em Moçambique, Alexis Mayer, que falava da “Importância do Capital Humano no Processo de Desenvolvimento Económico”, referiu que “a educação em Moçambique é fundamental para a sustentação de um crescimento sustentável, diversificado e inclusivo, o que vai reduzir a pobreza”, tendo destacado que “os investimentos na educação devem basear-se na conciliação entre quantidade e qualidade”.
O evento juntou vários actores relevantes no desenvolvimento do País, com destaque para os representantes do sector público, agências de apoio ao desenvolvimento do sector privado, instituições diplomáticas, entre outros.