Os ministros do Interior de Moçambique e da África do Sul vão reunir-se amanhã, 8 de Fevereiro, para debater formas de conter a onda de violência contra cidadãos moçambicanos em território sul-africano, cujas implicações, segundo alguns analistas, é a inimizade que se cria entre dois povos que se consideram irmãos.
A ministra moçambicana do Interior, Arsénia Massingue, informou que equipas técnicas dos dois países reuniram-se neste fim-de-semana, em Maputo, para preparar o encontro ministerial, na África do Sul, que terá como objectivo fundamental discutir a violência contra moçambicanos, uma situação muito crítica.
“Temos de encontrar uma solução para esta situação que afecta os moçambicanos na África do Sul”, disse a governante, citada pelo Voz de América (VOA), acrescentando que Moçambique leva para o encontro “esta situação de viaturas moçambicanas queimadas, alegadamente porque há roubos na África do Sul”.
Arsénia Massingue frisou que o Governo quer “saber que medidas estão a ser tomadas para estancar este mal, pois é preciso permitir que os nossos concidadãos possam continuar a fazer o seu trabalho de transporte e de compras. Queremos continuar a ter um bom relacionamento com a África do Sul, mas é preciso que haja um bom tratamento aos moçambicanos”.
Dados oficiais indicam uma diminuição do número de moçambicanos que entram na África do Sul através do posto fronteiriço da Ponta de Ouro, e o analista político Lucas Ubisse revelou que tal se deve ao medo que as pessoas têm de ser atacadas, sobretudo na região de Kwazulu Natal.
“Eu penso que as lideranças políticas dos dois países devem avaliar seriamente esta situação de violência, que está a criar inimizade entre os povos de Moçambique e da África do Sul, que até muito recentemente se consideravam irmãos”, destacou aquele analista ao VOA.
Para o investigador Borges Namire, uma das implicações da presente onda de violência contra moçambicanos é exactamente esta inimizade entre cidadãos dos dois países, “porque a dor que se sente da parte dos moçambicanos é muito profunda”.
Nhamire referiu ainda que esta violência “cria uma grande fenda nas relações entre os povos de Moçambique e da África do Sul, que terá efeitos a longo prazo”, sublinhando que, do ponto de vista prático, tal significará menos moçambicanos a deslocarem-se àquele país vizinho para negócios ou outras actividades.