As Forças Armadas do Ruanda estenderam a acção para a zona sul da província de Cabo Delgado, alargando o apoio a Moçambique no combate ao terrorismo além da área dos projectos de gás, segundo informação divulgada pelas tropas.
Os projectos de gás, suspensos devido a ataques, estão no distrito de Palma, na ponta nordeste da província, mas as forças ruandesas “têm em curso uma operação lançada desde 21 de Dezembro” no distrito de Ancuabe, a sul, anunciaram em comunicado.
“O ministro da Defesa de Moçambique, major-general Cristóvão Chume, juntamente com o vice-comandante das forças armadas moçambicanas, tenente-general Bertolino Capetine, visitaram as forças do Ruanda no distrito de Ancuabe”, lê-se no documento publicado no domingo, 5 de Fevereiro.
Os dirigentes moçambicanos receberam informação sobre o ponto de situação pelo brigadeiro-general Frank Mutembe, comandante do grupo de combate designado.
“Receberam um ‘briefing’ sobre as operações em curso” e o ministro moçambicano “mostrou apreço pelo trabalho que tem sido feito no terreno até agora”, conclui o comunicado ruandês.
O distrito acolhe minas de grafite, recurso valorizado nos últimos anos devido à procura para fabrico de baterias dos novos automóveis eléctricos.
No entanto, houve minas que suspenderam a actividade durante algum tempo em meados de 2022, devido a ataques de insurgentes que, presumivelmente, estarão em debandada do nordeste da província, onde viram as bases clandestinas destruídas.
Os mesmos grupos dispersos são suspeitos de protagonizar os mais recentes ataques contra civis noutros distritos das proximidades.
Cabo Delgado enfrenta um conflito desde 2017 que aterroriza as populações. Grupos de rebeldes armados têm pilhado e massacrado aldeias e vilas um pouco por toda a província e uma variedade de ataques foi reivindicada pelo ‘braço’ do autoproclamado Estado Islâmico naquela região.
O conflito já provocou mais de 4000 mortes (dados do The Armed Conflict Location & Event Data Project) e pelo menos um milhão de deslocados, de acordo com um balanço feito pelas autoridades moçambicanas.
Desde Julho de 2022 que uma ofensiva militar de Maputo, com apoio do Ruanda, e posteriormente da SADC, possibilitou um clima de maior segurança na região que não era sentido há anos, e recuperou localidades que estavam controladas pelos rebeldes, como a vila de Mocímboa da Praia, ocupada desde 2020.
Discussion about this post