O Programa Alimentar Mundial (PAM) suspendeu desde quarta-feira, 1 de Fevereiro, a ajuda de emergência a mais de um milhão de pessoas afectadas pela violência armada no norte de Moçambique devido à falta de fundos, disse esta quinta-feira, 2 de Fevereiro, uma fonte da organização citada pela Lusa.
“Apesar de todos os esforços para mobilizar recursos, os novos fundos não foram recebidos a tempo e o PAM, infelizmente, será forçado a suspender, em Fevereiro, a assistência às pessoas afectadas pelo conflito”, afirmou à Lusa fonte daquela organização.
A Organização avançou que está a distribuir as últimas reservas alimentares de Janeiro, estando muito determinada em retomar a ajuda no norte de Moçambique em Março, através da mobilização de apoios junto de parceiros.
“Ao todo, o PAM precisa de 102,5 milhões de dólares para continuar a apoiar, nos próximos meses, as pessoas mais necessitadas, sendo a maior parte dos fundos para assistência humanitária aos mais atingidos pelos conflitos”, realçou.
A maioria dos beneficiários que sofrerá com a suspensão da ajuda são deslocados que se refugiaram em zonas mais seguras na província de Cabo Delgado, mas também famílias que fugiram para as províncias vizinhas de Nampula e Niassa.
“Devido à constante falta de fundos, o PAM distribuiu cestas alimentares reduzidas entre Abril e Novembro de 2022, satisfazendo 40% das necessidades calóricas diárias a cada pessoa”, acrescentou. Entre Dezembro e Janeiro últimos, período de pico da época de escassez de alimentos antes da colheita, a Organização duplicou este valor, cobrindo 80% da necessidade de calorias diárias a mais de um milhão de pessoas.
Apesar da suspensão, a organização referiu estar empenhada em manter a assistência humanitária aos mais vulneráveis no Norte, sobretudo ás crianças malnutridas, mulheres grávidas e mulheres em amamentação.
“Devido à constante falta de fundos, o PAM distribuiu cestas alimentares reduzidas entre Abril e Novembro de 2022, satisfazendo 40% das necessidades calóricas diárias a cada pessoa”
A província de Cabo Delgado está assolada por um conflito desde 2017 que aterroriza as populações. Grupos de rebeldes armados têm pilhado e massacrado aldeias e vilas um pouco por toda a província e uma variedade de ataques foi reivindicada pelo ‘braço’ do autoproclamado Estado Islâmico naquela região.
O conflito já provocou mais de 4000 mortes (dados do The Armed Conflict Location & Event Data Project) e pelo menos um milhão de deslocados, de acordo com um balanço feito pelas autoridades moçambicanas.
Desde Julho de 2022 que uma ofensiva militar de Maputo, com apoio do Ruanda e, posteriormente, da SADC, possibilitou um clima de maior segurança na região que não era sentido há anos, e recuperou localidades que estavam controladas pelos rebeldes, como a vila de Mocímboa da Praia, que estava ocupada desde 2020.
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