O gabinete de estudos económicos do Banco de Fomento Angola (BFA) considerou esta segunda-feira, 30 de Janeiro, que o Banco Nacional de Angola (BNA) deverá continuar a baixar as taxas de juro, ajudado pelo abrandamento da inflação que atingiu mínimos de 2015 em Dezembro.
“A redução da taxa de juro básica, das facilidades permanentes de cedência e absorção de liquidez têm a sua relevância no quadro da transmissão da política monetária via forward guidance (orientação para o futuro) – ou seja, indicando ao mercado o que esperar no futuro da política monetária, visto que a decisão tomada na passada sexta-feira é um sinal claro que o BNA dá ao mercado de que espera ver a inflação a continuar a sua trajectória de desaceleração”, escrevem os analistas do BFA num comentário à decisão anunciada no final da semana passada.
No comentário, enviado aos investidores e a que a Lusa teve acesso, os economistas do BFA escrevem que, assim, “o banco passa a mesma expectativa aos agentes económicos e, sobretudo, aos bancos, de que poderão contar com juros mais baixos no futuro próximo, o que pode potencialmente influenciar decisões de investimento”.
O banco central reduziu no dia 20 de Janeiro todas as taxas de juro directoras, cortando a taxa básica (BNA, de referência para os créditos) em 1,5 pontos percentuais, de 19,5 para 18%.
A taxa de juro da Facilidade Permanente de Cedência de Liquidez desceu de 21% para 18%, enquanto a taxa de juro da facilidade permanente de absorção de liquidez passou de 15% para 14%.
“Mesmo com a inflação homóloga a atingir em Dezembro de 2022 mínimos de 2015 e fechando mais do que quatro pontos percentuais abaixo da meta daquele ano, o BNA manteve-se bastante cauteloso no que diz respeito à flexibilização da política monetária”, escrevem os analistas.
O banco central, concluem, “está a criar um ambiente que deve levar à descida das taxas de juro interbancárias e, por arrasto, às taxas de juro cobradas pelos bancos no crédito a clientes”.
O Comité de Política Monetária analisou a situação económica a nível internacional que aponta para uma desaceleração do crescimento e uma redução da inflação, em 2023, como resultado da política monetária restritiva, desaceleração da actividade económica, normalização das cadeias de abastecimento e dos preços das commodities não energéticas.
A nível nacional, “os fundamentos macroeconómicos continuam favoráveis”, disse José de Lima Massano no final da reunião, no dia 20, apontando o desempenho positivo da conta de bens que registou um saldo superavitário de 30,92 mil milhões de dólares (+41,92% do que em 2021).
As Reservas Internacionais situaram-se em 14,48 mil milhões de dólares, o que corresponde a uma cobertura de cerca de seis meses de importações de bens e serviços.