Em Novembro do ano passado, atingimos a meta de população mundial de 8 mil milhões de pessoas. Isso foi possível devido às melhorias na saúde pública que ajudaram a reduzir as taxas de mortalidade e aumentar a expectativa de vida. Embora seja revigorizante deixar para trás 2022 com um número redondo, o que esse aumento na população significa exactamente para o cidadão e, sobre tudo, o que isto significa para a vida selvagem e o planeta?
De acordo com o Fundo das Nações Unidas para a População (UNFPA), dois terços da população mundial vivem num contexto de baixa fertilidade com uma média de dois partos por mulher. No entanto, esse crescimento populacional está concentrado nos países mais pobres do mundo, concentrando-se a maioria na África Austral e na Ásia. O rápido crescimento populacional torna mais difícil erradicar a pobreza, combater a desnutrição e melhorar a cobertura dos sistemas de saúde e educação. É muito importante destacar que os países com maiores taxas de consumo são aqueles onde o crescimento populacional é lento ou inexistente. No entanto, as pessoas com as taxas de emissão mais baixas provavelmente sofrerão os efeitos das mudanças climáticas de forma desproporcional. Portanto, o principal desafio do desenvolvimento sustentável é encontrar um equilíbrio entre a exploração dos recursos naturais e sua conservação.
Infelizmente, o crescimento populacional tem um efeito devastador sobre as espécies selvagens. As populações humanas expandem-se para os habitats de animais selvagens e, como resultado, o território natural dos animais selvagens muda. Quando a comida e a água se tornam escassos, os animais buscam fontes alternativas. Esta batalha por terra, comida e água resulta em conflito entre a vida selvagem e os humanos. De acordo com a União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN), os conflitos entre o homem e a fauna bravia (CHFB) estão-se a tornar mais frequentes, sérios e generalizados à medida que as populações humanas crescem e os habitats são perdidos. Ainda mais preocupante, é que esses conflitos envolvem principalmente espécies ameaçadas e resultam noutros impactos ambientais mais amplos tanto no equilíbrio do ecossistema como na preservação da biodiversidade.

O CHFB pode ser reduzido através de uma série de medidas que incluem; a) Criar mais áreas protegidas e zonas tampão, b) Aumentar a segurança das pessoas e da vida selvagem e criar benefícios mútuos de coexistência, c) Implementar e fazer cumprir estratégias para reduzir o CHFB a nível nacional e regional, uma vez que a vida selvagem não conhece fronteiras físicas e o mais importante, d) Garantir o envolvimento das comunidades locais na gestão da vida selvagem que visa combater a ameaça de forma eficaz a nível local. Esta abordagem participativa permite que as comunidades locais se tornem guardiãs de seu meio ambiente e garantam a apropriação e assim, a sustentabilidade.
Mas as pessoas que vivem em outras partes do globo, mesmo que não estejam expostas a partilha de recursos com outros seres, também têm um papel importante na promoção do uso sustentável dos recursos naturais. Assim, adoptar uma atitude mais ecológica está-se a tornar rapidamente, cada veze menos numa tendência, mas sim numa emergência. A boa notícia é que isto é possível e chama-se ‘Viver de forma simplista’.
A simplicidade promove uma vida saudável e cria um ambiente de vida proactivo e sustentável. A vida simplista desencadeia menos produção, reduzindo o consumismo. É ecologicamente eficiente porque incentiva medidas ecológicas, como andar de bicicleta ou caminhar para o trabalho, que trazem benefícios positivos para a saúde e reduzem as emissões. O estilo de vida simplista aumenta as finanças individuais assim como os níveis de saúde e felicidade. Mas o mais importante, é que incentiva um relacionamento directo com a natureza e uma oportunidade de permanecer atento a todos os seres vivos.