A embaixadora dos EUA nas Nações Unidas disse hoje, 27 de Janeiro, respeitar a política externa de Moçambique, mas reafirmou a posição de que não se pode ser neutral face à guerra na Ucrânia.
“Não podemos ser neutros quando há um país que ataca outro, em particular quando esse país é membro do Conselho de Segurança da ONU”, referiu, numa alusão à Rússia.
“É importante que o mundo veja isto pelo que é: um ataque à carta de princípios das Nações Unidas, à soberania de um país independente e a um vizinho. Apelamos ao mundo para ajudar a Ucrânia a defender-se”, referiu Linda Thomas-Greenfield, em conferência de imprensa no final de uma visita de dois dias a Moçambique.
Não obstante, “as posições de Moçambique, são as posições de Moçambique”, sublinhou. “Não pedimos aos países para tomarem partido por um lado ou escolherem entre amigos. Moçambique é um país independente e toma as suas posições”, acrescentou.
Moçambique tem-se abstido nas votações de condenação à Rússia nas Nações Unidas e assumiu, em Janeiro, o mandato de dois anos como membro não-permanente do Conselho de Segurança.
O Presidente da República, Filipe Nyusi, tem referido que a neutralidade coloca Moçambique em melhor posição de promover o diálogo.
“Trabalhamos juntos com Moçambique e com cada membro do Conselho de Segurança, porque se os países que o compõem não cooperarem, o órgão não funciona”
Independentemente das diferenças, Linda Thomas-Greenfield reafirmou hoje o desejo de trabalhar em proximidade com Moçambique, sobretudo em áreas como a crise climática e a segurança na África Austral.
“Trabalhamos juntos com Moçambique e com cada membro do Conselho de Segurança”, porque se os países que o compõem não cooperarem, o órgão “não funciona”, frisou.
A embaixadora norte-americana esteve hoje com responsáveis da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO) em Moçambique, que lhe referiram a escassez de alguns produtos e a subida de preços desde o início da guerra na Ucrânia.
“São factores que agravam a insegurança alimentar em África”, frisou, mas “os registos mostram que a Rússia exportou, pelo menos, tanto (se não mais) trigo depois da guerra do que antes”.
Face aos riscos globais, os EUA “apoiam a iniciativa do secretário-geral da ONU para o Mar Negro, para viabilizar mais exportações da Ucrânia e da Rússia”, comentou.
“Mas, apesar da iniciativa, a Rússia continua a bloquear o acesso ao Mar Negro”, dificultando o escoamento de trigo, “com grande impacto” em África, concluiu.
Antes de deixar Moçambique em direcção ao Quénia, no périplo por África, Linda Thomas-Greenfield visitou agências da ONU e considerou que o “impacto da ajuda internacional ao povo moçambicano tem sido impressionante”.
Os EUA são o maior doador de ajuda humanitária a Moçambique.