A África do Sul, criticada pela sua neutralidade ao recusar condenar a guerra na Ucrânia, reforçou esta segunda-feira, 23 de Janeiro, em Pretória, a proximidade com Moscovo ao declarar-se “amiga”, durante um encontro dos chefes da diplomacia dos dois países.
De acordo com o jornal Notícias, a manifestação de amizade de Pretória, que na passada quinta-feira, 19 de Janeiro, anunciou a realização em Fevereiro de exercícios navais conjuntos com as marinhas russa e chinesa, foi feita pela ministra dos Negócios Estrangeiros e da Cooperação, Naledi Pandor, durante um encontro com o seu homólogo russo, Serguei Lavrov, no qual reivindicou a “soberania” sul-africana para decidir com quem estabelece relações.
A operação naval “faz parte de um programa de exercícios militares que as forças de defesa sul-africanas têm no âmbito de acordos com muitos países de todo mundo”, argumentou Nadeli Pandor, numa conferência de imprensa conjunta com Seguei Lavrov, cerca de um mês antes do primeiro aniversário da invasão russa da Ucrânia.
A Força de Defesa Nacional da África do Sul (SANDF, na sigla em inglês) anunciou na quinta-feira a realização de um exercício marítimo multilateral na costa leste do país, de 17 a 27 de Fevereiro, envolvendo a Marinha Federal Russa.
Nesta segunda-feira, na conferência de imprensa, Pandor questionou porque “ninguém fez perguntas” sobre outros exercícios militares realizados no passado com países ocidentais, como a França ou os Estados Unidos.
Os exercícios visam melhorar as competências das tropas sul-africanas “para que possam responder a uma série de situações, incluindo a gestão de desastres, em que o Exército está frequentemente envolvido”, disse a ministra.
Seguei Lavrov também defendeu as manobras, assegurando que são um teste à vontade da Rússia de desenvolver a sua cooperação militar e lamentou que o Ocidente as esteja a apresentar “como preocupantes, quando são uma prática completamente comum” entre os países.
O Governo sul-africano garantiu no ano passado (2022), que adoptou uma posição neutra sobre a guerra na Ucrânia e pediu diálogo e diplomacia para resolver o conflito, mas a oposição acusou o Executivo de apoiar a Rússia.
Nesse sentido, Pandor insistiu nesta segunda-feira, na necessidade de “uma solução e processo diplomático” para acabar com a guerra, apelando ao “multilaterismo e ao diálogo” como soluções.
“Reiteramos a nossa posição de que as preocupações de ambas as nações devem ser abordadas neste processo diplomático”, enfatizou a chefe da diplomacia sul-africana.
Á África do Sul, Rússia e China integram o grupo de economias emergentes BRICS, bloco que também inclui Brasil e Índia e cuja presidência rotativa é exercida este ano por Pretória.
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