A consultora Oxford Economics Africa considera que a recente mudança na perspectiva da evolução da economia de Angola, anunciada na sexta-feira, 13 de Janeiro, pela agência de notação financeira Fitch, mostra que o país “está no bom caminho”.
“A recente manutenção do rating e a mudança na perspectiva de evolução, para Positiva, pela agência Fitch Ratings, reitera a posição positiva em que a economia de Angola se encontra no início de 2023”, escrevem os analistas num comentário à decisão da agência, anunciada na sexta-feira à noite.
A Fitch Ratings melhorou a perspectiva de evolução do rating de Angola para positiva, mantendo a opinião sobre a qualidade do crédito soberano em B-, abaixo da recomendação de investimento, e no mesmo nível atribuído pela Moody’s e pela Standard & Poor’s.
“A perspectiva de evolução positiva reflecte a recente queda abrupta (inesperada) da dívida pública, grandes excedentes da balança corrente e riscos de financiamento mais baixos, sustentados por um ambiente petrolífero mais favorável”, lê-se na nota que acompanha a decisão de manter o rating em B-, dois níveis abaixo da recomendação de investimento, ou seja, lixo, ou junk, como é geralmente designado.
A manutenção do rating neste nível “equilibra a significativa fraqueza estrutural, nomeadamente o mau desempenho nos indicadores de governação e humanos, a elevada inflação e um dos mais elevados níveis de dependência de matérias-primas entre os países analisados pela Fitch, com a descida do rácio da dívida pública sobre o Produto Interno Bruto (PIB), as maiores reservas internacionais em comparação com os seus pares e uma estabilidade macroeconómica melhorada”, acrescentaram ainda.
A Fitch Ratings melhorou a perspectiva de evolução do rating de Angola para positiva
Para a Oxford Economics, esta decisão da Fitch mostra que o país “está no bom caminho”, já que, apesar de a produção petrolífera enfraquecida e a queda nos preços do petróleo irem influenciar o crescimento económico este ano (2023), “a ajuda de 2022 teve um efeito favorável na percepção de risco sobre o país”.
Lembrando que o excedente da balança corrente deve piorar para 8,1% do PIB este ano e que o saldo orçamental deverá reduzir-se para 1% do PIB, a Oxford Economics conclui que “apesar de estes números representarem um ligeiro enfraquecimento face ao forte crescimento de 2022, Angola deverá manter os excedentes gémeos (balança comercial e saldo orçamental) em terreno positivo e reduzir a dívida pública, o que sugere que o país está no bom caminho, e a opinião da Fitch mostra que a agência de rating concorda com esta visão”.
Na nota divulgada na sexta-feira à noite, a Fitch Ratings previu um crescimento económico de 2,7% este ano e 2,5% em 2024, ano em que a dívida pública deverá ficar nos 54,5% do PIB.
“A Fitch estima que o crescimento real do Produto Interno Bruto (PIB) de Angola tenha acelerado de 0,7%, em 2021, para 3,1% em 2022, principalmente devido ao robusto desempenho da economia não petrolífera, mas também devido ao regresso ao crescimento positivo do sector do petróleo; prevemos que o crescimento económico desacelere para 2,7% este ano e 2,5% no próximo, principalmente devido a um declínio na produção”, diz a Fitch Ratings.
Na nota que acompanha o anúncio da decisão de manter o rating em B- e melhorar a perspectiva de evolução para positiva, os analistas da Fitch escrevem que “a actividade nos sectores para além do petróleo deve continuar robusta, reflectindo a despesa do Governo nos esforços de diversificação e a descida das pressões sobre a inflação”.
A Fitch estima que a inflação tenha caído de 28,8%, em 2021, para 22,2% no ano passado, “sustentada numa apreciação do kwanza e no fortalecimento do peso dos alimentos na cesta básica (para 55%), e deverá desacelerar ainda mais para uma média de 14% em 2023 e 11% no próximo ano”.