Um tribunal sul-africano condenou três homens moçambicanos a penas de prisão de 25 e 33 anos por caça furtiva no Parque Nacional Kruger, anunciou esta quarta-feira, 18 de Janeiro, a polícia sul-africana (SAPS, na sigla em inglês).
“As pesadas sentenças foram proferidas pelo Tribunal Regional de Skukuza contra três caçadores furtivos de nacionalidade moçambicana, Lowrene Makamu, de 28 anos, George Muyanga, 50, e Nuru Burros, 24. Os caçadores furtivos foram condenados na terça-feira”, referiu a polícia sul-africana em comunicado a que a Lusa teve acesso.
A polícia sul-africana indicou que a sentença do tribunal de Skukuza, na província de Mpumalanga, leste do país, decorre de um incidente ocorrido a 1 de Julho de 2022, junto da ponte Crocodile, no Parque Nacional Kruger, a maior reserva animal do mundo, que faz fronteira com Moçambique.
“Os dois helicópteros aterraram a poucos metros dos suspeitos e encurralaram os três [homens] que foram encontrados na posse de uma espingarda de caça, um silenciador, seis pontas de rinoceronte em condição fresca e três facas de caça grandes”, explicou.
Segundo a polícia de Mpumalanga, Lowrene Makamu e Nuru Burros “vão cumprir 25 anos efectivos de prisão” e George Muyanga, por o tribunal o considerar “um infractor reincidente”, cumprirá “33 anos de prisão efectiva”.
“A África do Sul é o lar de quase 80% dos rinocerontes do mundo, mas é também um foco de caça furtiva daqueles animais, impulsionada pela procura asiática”
“Todos foram declarados inaptos para porte de arma de fogo”, acrescentou a nota da SAPS.
Recorde-se que o Governo da África do Suljá tinha anunciado, em Dezembro último, que iria recorrer ao detector de mentiras para combater a caça furtiva. Segundo a organização dos Parques Nacionais da África do Sul (SanParks, no acrónimo em inglês), os testes de polígrafo vão passar a ser obrigatórios para os funcionários que trabalham nos parques nacionais da África do Sul como forma de combater a caça furtiva desenfreada de animais selvagens.
Para esta organização pública que administra os parques sul-africanos, os caçadores furtivos, por vezes com a cumplicidade dos funcionários do parque, dizimaram, nos últimos anos, a população de rinocerontes em perigo de extinção.
Como resposta a esta situação, a organização adoptou uma nova política de testes de polígrafo para os seus funcionários.
Os testes serão inicialmente voluntários, mas “a intenção é torná-los obrigatórios para certas categorias de trabalho”, disse a organização numa declaração.
A África do Sul é o lar de quase 80% dos rinocerontes do mundo, mas é também um foco de caça furtiva daqueles animais, impulsionada pela procura asiática, onde os chifres são utilizados na medicina tradicional pelo seu suposto efeito terapêutico.
Quase 470 rinocerontes foram caçados em todo o país entre Abril de 2021 e Março de 2022, de acordo com números governamentais, representando um aumento de 16% em relação aos 12 meses anteriores.