A companhia estatal eléctrica da África do Sul, Eskom, implementou na tarde desta quarta-feira, 11 de Janeiro, cortes de electricidade de nível seis, num máximo de oito, que serão executados continuamente por tempo indeterminado.
“A redução de carga de nível seis será implementada a partir das 16h00 de quarta-feira continuamente até novo aviso”, alertou a concessionária sul-africana em comunicado, a que a Lusa teve acesso.
“A Eskom continuará a gerir as reservas limitadas de geração de emergência para complementar a capacidade de geração”, adiantou.
No comunicado, a concessionária não indicou o período dos apagões “contínuos”, mas a imprensa sul-africana avançou que poderão decorrer até às 05h00 desta quinta-feira, o que a acontecer será a primeira vez na história da África do Sul democrática desde 1994.
A empresa pública, que já foi uma das mais eficientes do mundo, indicou que “11 geradores com 5084 MW de capacidade sofreram avarias desde a manhã de terça-feira, reduzindo ainda mais a capacidade disponível e obrigando a aumentar o nível de loadshedding [termo local dado aos cortes de electricidade]”.
Actualmente, os sul-africanos enfrentam diariamente pelo menos 12 horas sem electricidade com três apagões intercalados, sendo que a situação precária da endividada empresa pública responsável por 90% da produção nacional está na origem da crise de electricidade de longo prazo na economia mais desenvolvida do continente africano.
A companhia estatal de energia eléctrica sul-africana alertou, no final de Dezembro, que a África do Sul se devia preparar para uma prolongada crise de falta de electricidade.
No ano passado (2022), a Eskom privou o país de mais de 200 dias sem electricidade, segundo dados da empresa.
No início deste mês (Janeiro), o Partido Comunista da África do Sul (SACP, na sigla em inglês), parceiro desde 1994 na coligação governativa tripartida com o Congresso Nacional Africano (ANC, no poder) e a confederação sindical Cosatu, considerou que os cortes de electricidade resultam de “um paradigma neoliberal fracassado adoptado pelo Governo”.
O actual Presidente da República, Cyril Ramaphosa, que foi reeleito na liderança do ANC em Dezembro, garantiu ao Congresso do partido “acabar com os cortes de electricidade contínuos”.