Angola deve precisar de uma taxa média anual de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) de 8% para que em 2027 possa ter uma taxa de desemprego nos 18%, estimou esta segunda-feira, 2 de Janeiro, o economista Alves da Rocha.
“Se admitirmos que a economia angolana não terá ganhos de produtividade significativos até 2027, será necessária uma taxa média anual de crescimento do PIB de 8% para que em 2027 a taxa de desemprego se possa situar nos 18%”, disse o economista à Lusa.
“Com medidas de maior intensidade de crescimento económico, poderemos chegar a 2027 com uma taxa de desemprego à volta de 11,5%, mas tudo isto são previsões, são estimativas”, frisou Alves da Rocha, aludindo a dados do relatório económico do CEIC 2021-2022.
“Não nos podemos esquecer que de acordo com a última Folha de Informação Rápida do INE (Instituto Nacional de Estatística) angolano, referente ao terceiro trimestre de 2022, a taxa de desemprego estava nos 30% e tem andado nos 30% há muito tempo. Existem alturas em que sobe até aos 33% ou 34%”, recordou.
A única fonte capaz de criar emprego, continuou o economista, é o crescimento económico: “Não havendo crescimento económico não se pode criar emprego, é uma equação impossível na economia. A não ser que a criação desse emprego seja de forma administrativa, ou seja, um ‘emprego estatístico’ que revelaria o falseamento das estatísticas do emprego”.
Falando sobre as perspectivas de crescimento económico de Angola em 2023, o especialista apontou a necessidade de se aumentar a produtividade para responder à elevada taxa de desemprego, que afecta sobretudo os jovens, e argumentou que a criação de emprego não pode ser dissociada dos ganhos da produtividade, considerando que se Angola pretende ser uma economia competitiva em África e no mundo, “os ganhos de produtividade são absolutamente fundamentais”.
“Ganhos de produtividade significam uma [maior] taxa de crescimento da produtividade. Mas temos de saber de que tipo de estamos a falar: é uma produtividade bruta aparente do factor trabalho, que é um dos factores essenciais? Ou é uma produtividade total dos factores de produção?”, questionou.
O docente universitário defendeu ainda a necessidade da valorização da economia informal que absorve 80% da população empregada no país.