O som de “woy yo yo” de Bob Marley introduz o diálogo entre Bob e Jack, dois irmãos que se reencontram depois de muito tempo separados pelas armadilhas da vida.
A peça intitulada Num dia igual aos outros resulta do texto do dramaturgo americano John Konvenbach, adaptado e dirigido pela moçambicana Angélica Chavango.
O espectáculo apresentado no palco da Fundação Fernando Leite Couto, encenado pelos actores Eduardo Sambo interpretando Bob, e Assane Cassimo, o Jack, revela o drama psicológico de uma família disfuncional à procura de redenção.
“Este espectáculo retrata a história de duas personagens em conflito, dois irmãos, cada um com os seus problemas. O Bob tem a esperança de reconstruir a família, reencontrando o pai que o abandonou e o seu irmão. Já Jack perdeu a esperança e vive atormentado por ter abandonado o seu irmão após o desaparecimento do seu pai. Desnorteado, Jack pretende também, a exemplo do pai, abandonar a família que construiu durante o tempo que se distanciou do irmão e, no final, tirar a sua própria vida”, esclareceu o actor Assane Cassimo.
A peça intitulada Num dia igual aos outros resulta do texto do dramaturgo americano John Konvenbach, adaptado e dirigido pela moçambicana Angélica Chavango
O desenrolar da peça desvenda mistérios e revela aos poucos o passado de dois irmãos que nutrem amor um pelo outro, mas que deixaram florescer as sementes do ódio e do rancor na sua relação familiar.
A peça teatral, contextualizada à moda moçambicana, é rica em sons e movimentos que intensificam a fala das personagens.
“Foi um desafio enorme trabalhar nesta peça porque cada autor tem a sua forma de escrever e fá-lo de acordo com a sua cultura. Primeiro, procurámos entender o texto. Algumas passagens que citámos durante a encenação não existem no texto original. Procurámos adaptar o texto ao contexto moçambicano. Foi um desafio muito complicado, mas penso que valeu a pena”, acresceu o actor Eduardo Sambo. Preparado durante quase um ano devido às interrupções impostas pela pandemia do covid-19, o número teatral ganhou atenção e admiração do público presente na Fundação Fernando Leite Couto.
“Esta peça teatral despertou em mim vários sentimentos. Acabei por me identificar com muitas passagens, pois creio que eu e muitos moçambicanos temos uma história de algum tipo de conflito familiar que acaba dividindo os membros da família”, disse Virgínia Talia , que não escondeu o seu fascínio pelo trabalho apresentado pelos actores.
Com a peça, os actores esperam levar ao público, além de diversão, a reflexão em torno das relações familiares e procurar ser um elemento de coesão social por meio da arte.
Texto Yana De Almeida Fotografia Mariano Silva