O British Sponsor, o petroleiro de gás natural liquefeito (GNL) que deixou a fábrica off-shore localizada em Cabo Delgado, Moçambique, há pouco menos de um mês, já chegou à cidade de Bilbau, em Espanha.
Segundo o portal 360º Moçambique (do grupo que detém o Diário Económico, o M4D), o navio que transportava 173 400 m3 atracou recentemente em Bilbau após “uma viagem de 24 dias e seis horas com origem no porto Coral Sul FLNG”.
O petroleiro carregava a primeira exportação de GNL de Moçambique – ao abrigo de um contrato de compra e venda a longo prazo com a gigante britânica British Petroleum (BP) – produzida na bacia do Rovuma, em Moçambique, pelo projecto Coral Sul FLNG, operado pela empresa de energia italiana Eni.
Entretanto, no Reino Unido, está a ser apreciado um desafio legal no Tribunal de Recurso sobre a decisão do Governo britânico de aprovar cerca de 1,15 mil milhões de dólares de financiamento para o megaprojecto em Moçambique.
A organização Friends of the Earth (uma rede internacional de organizações ambientais em 73 países) apresentou, em Dezembro passado, um pedido para que pudesse ser novamente ouvida no Tribunal de Recurso. Em causa está a autorização do financiamento, uma vez que foi permitido após ter sido julgado inadequadamente em conformidade com o limite de aquecimento global do Acordo de Paris a 1,5 graus Celsius quando, na realidade, poderia emitir 3,3 mil milhões a 4,5 mil milhões de toneladas de CO2 equivalentes ao longo do ciclo de vida do projecto – mais do que as emissões anuais combinadas de gases com efeito de estufa de todos os 27 países da UE.
O chefe do departamento jurídico da Friends of the Earth, Will Rundle, argumentou que “a UK Export Finance [agência de crédito do Reino Unido para a exportação que trabalha ajudando as empresas britânicas a ganhar contratos de exportação] não só ajudou a financiar o projecto como não conseguiu medir todas as emissões que produziria, enganando os ministros sobre a escala do seu impacto. Isto é um completo fracasso de governação credível e moralmente inaceitável numa crise climática”.
O responsável advertiu ainda: “as avaliações climáticas para projectos de combustíveis fósseis devem medir todas as emissões de carbono. Precisamos de compreender os impactos climáticos antes de gastar o dinheiro dos contribuintes em investimentos intensivos em carbono, sendo que ao invés disso, poderíamos financiar projectos de energias renováveis”.
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