As perdas económicas directas na agricultura angolana devido à seca podem aumentar dos actuais 100 milhões para mais de 700 milhões de dólares até 2100, alerta o Relatório Sobre Clima e Desenvolvimento do País – CCDR, divulgado esta quarta-feira, em Luanda.
“Espera-se que a falta de disponibilidade de água e o aumento das ocorrências extremas coloquem desafios crescentes à produção agrícola”, salienta o documento a que a Lusa teve acesso.
A produtividade da pesca deverá também diminuir, esperando-se que o potencial máximo de captura desça em 43,7% até 2050 e 64% até 2100, indica o estudo do Banco Mundial (BM), no qual se identificam também acções climáticas de grande impacto e estratégias de mitigação.
Tendo em conta os riscos climáticos que Angola enfrenta, apesar da sua pequena contribuição para as emissões globais de gases com efeito de estufa (0,21%), o CCDR dá prioridade à adaptação e à resiliência, enquanto explora oportunidades de crescimento com baixo teor de carbono.
As maiores fontes de emissões de gases com efeito de estufa em Angola provêm do sector do petróleo e gás (principalmente das emissões fugitivas de metano e a queima de gás), seguidas pelas emissões da agricultura, silvicultura e outros usos da terra.
O relatório recomenda formas de reduzir a intensidade de carbono na produção de petróleo e gás, introduzindo, nomeadamente, uma taxa sobre a queima e fuga de gás, bem como um reforço do cumprimento das regulações existentes.
Outras medidas incluem uma maior expansão das energias renováveis, a remoção dos subsídios aos combustíveis para promover uma utilização mais racional dos mesmos e a eficiência nos transportes, e ainda a adopção de medidas para reduzir as emissões da agricultura, invertendo a degradação da terra e a desflorestação.
O relatório identifica cinco vias para alcançar a visão “de uma futura economia angolana de baixo carbono, diversificada e resistente ao clima”, que foram adaptadas ao contexto nacional e identificadas em diálogo com o Governo de Angola.
O CCDR recomenda também que se invista e reforce a resiliência de sectores-chave, nomeadamente nos recursos hídricos, na agricultura e pescas e nas energias renováveis, bem como que se proporcionem “cidades verdes e resilientes com oportunidades económicas para todos os angolanos”.
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