Um acordo mundial ambicioso sobre biodiversidade vai estar em discussão a partir desta quarta-feira, 7 de Dezembro, em Montreal, Canadá, na 15.ª Conferência da Organização das Nações Unidas (ONU) sobre Diversidade Biológica (COP15).
A conferência, que decorrerá até 19 de Dezembro, junta cerca de 17 mil delegados de quase todo o mundo e na inauguração deverá estar o secretário-geral da ONU, António Guterres, o presidente da COP15, ministro da Ecologia e Meio Ambiente da China, Huang Runqui, o primeiro-ministro do Canadá, Justin Trudeau, e o chefe tradicional da nação Onondaga, Tadodaho Sid Hill.
A reunião de Montreal é a segunda parte da COP15, tendo a primeira decorrido no ano passado (2021) em Kunming, na China.
Da COP15 é esperado um acordo que estabeleça a protecção de 30% do planeta até 2030, no mar e em terra, e que na mesma altura se esteja a trabalhar para recuperar 20% de ecossistemas degradados.
Ainda que a directora-geral da Convenção sobre Diversidade Biológica (CDB), Elizabeth Maruma Mrema, já se tenha afirmado esperançada na adopção, durante a conferência, de um quadro global de protecção da biodiversidade pós-2020, com uma estratégia e um roteiro global de conservação, protecção, restauração e gestão sustentável, há organizações ambientalistas que têm afirmado os seus receios de que da COP15 não saiam medidas importantes.
Para a reunião que esta segunda-feira começa estão fixados, segundo a proposta já conhecida, 22 objectivos para 2030, embora só haja até agora acordo sobre dois deles.
Entre os objectivos estão questões como a redução em dois terços dos pesticidas, a eliminação do plástico, a eliminação ou redução drástica dos incentivos e subsídios nocivos para a biodiversidade, ou a gestão de espécies exóticas reduzindo para metade a disseminação de espécies invasoras.
Na terça-feira, em entrevista à agência Efe, o comissário europeu do Ambiente, Virginijus Sinkevicius, alertou que o esforço de redução de emissões de gases com efeito de estufa para travar o aquecimento global só será eficaz se, ao mesmo tempo, redobrarem os esforços para proteger a natureza.
“Mesmo que a neutralidade das emissões seja alcançada, não será suficiente porque não existe tecnologia que possa substituir a capacidade dos oceanos, solos ou florestas para absorver CO2 (…) A nossa corda de segurança, a nossa economia e o nosso bem-estar dependem de ecossistemas saudáveis”, disse o responsável a propósito da COP15.
A CDB foi assinada por 150 líderes mundiais em 1992 no Rio de Janeiro, na Cimeira da Terra, com o objectivo de proteger a natureza, o seu uso sustentável e a partilha justa de benefícios.
Desde então realizaram-se 14 Conferências das Partes (COP), o órgão da Convenção que toma decisões periodicamente.
Organizações internacionais têm avisado que cerca de um milhão de espécies animais e vegetais podem estar em risco de extinção com a continuação da destruição dos ecossistemas e sem medidas para travar o declínio da natureza.