A prevalência do VIH em Moçambique desceu ligeiramente para 12,4%, mas continua entre as taxas mais altas do mundo, segundo os resultados de um novo inquérito apresentados nesta quinta-feira, 1 de Dezembro, pelo Instituto Nacional de Saúde (INS).
São cerca de dois milhões de adultos a viver com o vírus da imunodeficiência humana no País, ou seja, um em cada oito.
O último inquérito em Moçambique tinha sido feito em 2015 e na altura a prevalência era de 13,2%.
Com cerca de 31 milhões de habitantes, o País continua entre os mais afectados do mundo, comparando a prevalência ontem anunciada com os dados de outras nações (dados disponibilizados pelo programa das Nações Unidas para o VIH/Sida).
Tal como no resto da África Subsaariana, em Moçambique a prevalência é claramente maior entre mulheres, com uma taxa de 15%, do que nos homens, com um valor de 9%.
As diferenças são “particularmente notórias entre os 15 anos e os 29, chegando a prevalência a ser duas a três vezes mais alta entre as mulheres”, ou seja, “uma em cada quatro mulheres entre os 35-39 anos está infectada.”
O inquérito indica também que o uso de preservativo “ainda é baixo”, sobretudo pelas mulheres: só 30,3% do género feminino disse usar preservativo, menos 11,6% que em 2015. Nos homens, a percentagem que disse usar preservativo aumentou 8,8%, para 48,2%.
“Um em cada oito adultos em Moçambique vive com o VIH, o que representa um desafio substancial para o sistema de saúde do País”, refere um resumo do inquérito.
“Estes resultados demonstram a necessidade de medidas de prevenção para reduzir o número de novas infecções”, acrescenta o documento.
Por seu lado, o ministro da Saúde, Armindo Tiago, destacou também algumas conquistas. “Embora a média nacional de prevalência do VIH se mantenha elevada entre 2015 e 2021, gostaríamos de destacar a redução assinalável nas províncias de Manica e Maputo”, com reduções entre os 40% a 50%.
O Programa Conjunto das Nações Unidas para o VIH e Sida (ONUSIDA) estabeleceu as metas 95-95-95 para que, até 2025, 95% das pessoas com o vírus conheçam o seu estado viral, 95% de todas as pessoas diagnosticadas estejam a receber tratamento de forma contínua e 95% destas alcancem a supressão da carga viral.
Moçambique está ao nível 72-96-89 destas metas, respectivamente, ou seja, três em cada dez pessoas ainda não conhece o seu estado de infecção e, apesar da cobertura de tratamento estar acima de 95%, a supressão da carga viral ainda não superou os 89%.
O inquérito baseou-se em entrevistas e recolha de amostras de sangue a cerca de 14 500 pessoas em todo o País entre Abril de 2021 e Fevereiro de 2022, e os resultados têm um intervalo de confiança de 95%.
O estudo contou com financiamento do Plano de Emergência do Presidente dos Estados Unidos para o Alívio da SIDA (PEPFAR, sigla inglesa), e com assistência técnica do Centro de Controlo e Prevenção de Doenças (CDC, sigla inglesa) e da Universidade de Columbia, ambos dos EUA.
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