Cerca de 72 mil pessoas já regressaram ao distrito de Mocímboa da Praia desde Agosto, depois de terem fugido, nos últimos anos, devido aos ataques terroristas no Norte de Moçambique, segundo dados das autoridades e da operação humanitária.
Um relatório do grupo de organizações humanitárias que gere os campos de acolhimento e refúgio de deslocados em Cabo Delgado, divulgado na quarta-feira, 30 de Novembro, assinala que “a maioria das famílias que regressou ao distrito conseguiu voltar às suas aldeias de origem após uma curta estadia na vila sede de Mocímboa da Praia”.
Mas ainda há 1760 pessoas que vivem em duas “áreas de trânsito” onde “as condições de vida estão a deteriorar-se”, faltando abrigo, comida e saneamento.
São famílias que ainda não foram capazes de voltar para as suas aldeias “por falta de transporte e de confirmação do Governo de que a área já é segura”, lê-se no relatório.
No documento, as organizações recomendam que as autoridades locais sejam formadas para criar estruturas de gestão inclusivas nos dois campos de acolhimento em Mocímboa da Praia, independentemente das comunidades ali instaladas.
O grupo destaca ainda a necessidade de colmatar as carências identificadas, sobretudo tendo em conta o início da época das chuvas e a proximidade do novo ano escolar (a partir de Fevereiro).
Situado a 60 quilómetros a sul dos estaleiros dos projectos de gás, Mocímboa da Praia foi um dos distritos mais afectados pela insurgência armada em Cabo Delgado que ali eclodiu em 2017.
A vila chegou a ser ocupada por rebeldes até à reconquista, em Agosto de 2021, com o apoio de tropas do Ruanda.
As autoridades têm anunciado a reabertura progressiva de serviços públicos, estradas e do porto da vila, ao mesmo tempo que diferentes figuras do Estado, incluindo o Presidente da República, têm visitado a sede de distrito nos últimos meses.