A cotação da Bitcoin, actualmente a rondar os 16,8 mil dólares, é “um último suspiro artificialmente induzido antes do caminho rumo à irrelevância”, segundo dois responsáveis do Banco Central Europeu (BCE), que defendem que o primeiro criptoactivo, e o mais popular, não deve ser legitimado pelos reguladores.
Num ensaio publicado esta quarta-feira, 30 de Novembro, no blogue do Banco Central Europeu (BCE), assinado por Ulrich Bindseil e Jürgen Schaaf, director e consultor, respectivamente, da divisão de infra-estrutura de mercados e de pagamentos do banco de Frankfurt, defendem que a inclusão dos criptoactivos na esfera regulatória não deve ser confundida com promoção dessa indústria.
Os autores criticam também o lobbying norte-americano em prol destes activos, que consideram ter sancionado uma indústria especulativa, poluente e sem provas dadas no que toca à criação de valor para a sociedade. E alertam que os bancos deverão ter cuidado na eventual promoção de investimentos com base na Bitcoin, já que, no caso de perdas avultadas, poderão perder a reputação junto dos clientes.
Desde Junho, depois do colapso de vários projectos de criptoactivos como a stablecoin TerraUSD e de criptofinanceiras como a Celsius, a Bitcoin estabilizou nos 20 mil dólares, algo que foi interpretado “como uma pausa para respirar antes de novos máximos”, dizem os autores.
“É mais provável, contudo, que seja um último suspiro artificialmente induzido antes do caminho rumo à irrelevância – e isto já era previsível antes de a FTX ter colapsado e atirado o preço da Bitcoin para bem abaixo dos 16 mil dólares”, defendem.
“Como a Bitcoin não parece ser útil como sistema de pagamentos nem como forma de investimento, deverá ser tratada como tal em termos regulatórios e, por isso, não deverá ser legitimada”, escrevem ainda os autores do artigo.