O gestor nacional da Galp em Moçambique, Paulo Mendonça, defendeu esta quarta-feira, 30 de Novembro, em Maputo, durante o workshop promovido pelo Projecto +EMPREGO sobre “dinâmicas de inovação e +emprego”, que “os projectos de oil & gas não vão resolver todos os problemas de emprego em Moçambique”.
“A questão da formação é fundamental e crítica, mas a fase seguinte é ainda mais crítica, pois arranjar emprego não tem sido fácil no mercado moçambicano. É muito frustrante para muitos jovens que investiram na educação não conseguirem emprego depois”, lamentou Paulo Mendonça, para depois esclarecer que “as economias, quando crescem, criam mais emprego, e quando assim acontece fica mais fácil de absorver os formados, com o contrário também a acontecer, sendo que as economias, quando contraem, baixam os índices de empregabilidade”.
Continuando com a sua explicação, Paulo Mendonça disse que “Moçambique acaba de sair de uma fase de pandemia, como outras economias, e espera-se que agora, com os projectos de oil & gas, as coisas mudem. Mas os projectos de oil & gas não vão resolver tudo, vão apenas resolver parte dos problemas”. E sublinhou: “o sector é importante, mas é mais importante ainda não se concentrar apenas nele e, sim, olhar para outras áreas. A agricultura é uma delas. Há muitas outras áreas que têm um potencial muito grande para criação de emprego e com capacidade para absorver estes jovens que estão formados”.
Este foi um posicionamento partilhado por outros oradores como o coordenador nacional de projectos da Organização Internacional do Trabalho (OIT), Paulo Selemane, que considerou que “actualmente, há esta euforia em relação aos projectos de oil & gas, mas o facto é que estamos a falar de um País em que mais de 60% da população vive em zonas costeiras, sendo que se dedica a outro tipo de actividade. Então, é preciso continuar a criar condições para apoiar este tipo de matérias, no caso específico das populações costeiras”.
“Temos trabalhado num projecto em que há uma componente bastante interessante focada na agricultura, e que uma das nossas abordagens é fazer com que a juventude olhe para a agricultura como fonte de renda, da mesma forma como olha para o trabalho num banco ou em escritórios. Há, portanto, esta ideia de desconstrução de conceito, mudança de paradigma, em que procuramos convencer a juventude a acreditar que o rendimento proveniente da agricultura é um rendimento como qualquer outro”, explicou Paulo Selemane.
Na mesma ocasião, o director geral do Instituto Nacional do Emprego (INEP), Juvenal Arcanjo Dengo, falou dos desafios do sector público na coordenação das actividades.
“Temos um desafio real, que é tentar fazer com que todas as partes com intervenção na criação de emprego ou promoção do auto-emprego estejam todos no mesmo barco. Este é o nosso desafio. Penso também que este desafio começa com a forma como as instituições são implantadas nas suas zonas de intervenção” disse, para depois informar que “ao nível do Ministério dos Negócios Estrangeiros há um esforço na identificação de novos parceiros para implementar novos programas de promoção de emprego no País”.
Sobre o papel do Governo, o responsável de projectos na Association de Solidarité Internationale, Lélio Comissar, defendeu que “como sociedade civil, seria interessante se o Estado pudesse desenvolver plataformas como esta, de debate, porque, de facto, as abordagens colocadas são muito interessantes”.
Ao mesmo tempo, Lélio Comissar entendeu que “existe um grande desafio na questão de sistematização de modelos, mesmo porque a avaliação do impacto para nós, como sociedade civil, é muito baseada nos processos-piloto que fazemos, trabalha-se com um número muito micro de jovens. É, então, um desafio porque é fácil avaliar o impacto das nossas acções, mas, depois, como transformar este piloto para uma política pública e sistematizar este conhecimento? Eu acho que o grande desafio está aí.”
O Projecto +EMPREGO para os jovens de Cabo Delgado resulta do apoio da União Europeia e da gestão do Camões IP – Instituto da Cooperação e da Língua, I.P., tendo como objectivos específicos: aumentar as oportunidades económicas da população de Cabo Delgado, em particular da sua população jovem, contribuindo para a melhoria do acesso ao trabalho decente e do seu rendimento; estimular parcerias público-privadas com forte impacto no emprego; e apoiar o sector público da educação profissional e do emprego, mas também as micro, pequenas e médias empresas, visando o aumento da respectiva competitividade e a melhoria da empregabilidade dos jovens qualificados.
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