O PCA da Bolsa de Valores de Moçambique (BVM), Salim Valá, defendeu esta quarta-feira, 23 de Novembro, em Maputo, durante a quarta Conferência Anual da Rede de Empresas para a Expansão da Nutrição”, que as empresas do agro-negócio e do sector agro-alimentar e nutrição devem aproveitar a janela de oportunidade disponibilizada pelo mercado de capitais e a e pela BVM como mecanismo de financiamento alternativo para viabilizar os seus projectos.
Intervindo no painel sobre “Finanças combinadas acelerando a transformação dos sistemas alimentares”, Salim Valá disse não estar conformado com o facto de nenhuma empresa do sector agrário estar cotada na BVM, bem como nenhuma estar a usar outros instrumentos disponíveis na bolsa.
Segundo o responsável, “o financiamento tem sido apontado como um dos principais constrangimentos para o crescimento e sustentabilidade do sector agro-alimentar, quer devido às elevadas taxas de juros aplicadas, quer em virtude da falta de mecanismos financeiros inovadores e adequados especificamente para o financiamento do agro-negócio de pequena e média dimensão”.
Para o responsável da BVM, as PME do sector agro-alimentar são o principal desafio para o financiamento, pois os montantes demandados são baixos, não têm garantias reais, não têm um histórico significativo de financiamento, não possuem contabilidade organizada e as perspectivas de crescimento são incertas, comportando um elevado risco com um potencial de retorno relativamente reduzido.
“O financiamento tem sido apontado como um dos principais constrangimentos para o crescimento e sustentabilidade do sector agro-alimentar, quer devido às elevadas taxas de juros aplicadas, quer em virtude da falta de mecanismos financeiros inovadores e adequados”
“A baixa produtividade devida, principalmente, à reduzida intensidade de insumos, à fraca adopção de tecnologias modernas, às margens de lucro exíguas, à elevada exposição aos eventos climáticos extremos, à fraca infra-estrutura física e institucional de suporte e à deficiente ligação de mercados tornam o negócio menos apetecível para os empreendedores e investidores”, descreveu Salim Valá.
Mas mesmo com estes constrangimentos, Salim Valá afirmou que a BVM tem disponíveis mecanismos alternativos de financiamento para as empresas moçambicanas. Estão neles incluídos os do sector agrário, por via do capital da própria empresa, numa fonte potencial de financiamento para dispersar o risco do negócio e beneficiar de taxas de juros mais baixas. Além disso, a plataforma da bolsa seria utilizada para ampliar a visibilidade da empresa e do negócio.
“Estamos a trabalhar para que, no futuro, tenhamos empresas ligadas ao agro-negócio, ao turismo, ao complexo mineral-energético, infra-estruturas, ao sector financeiro e a projectos de exploração de recursos naturais, cotados no mercado bolsista moçambicano”, concluiu.