O Presidente da África do Sul, Cyril Ramaphosa, inicia esta terça-feira, 22 de Novembro, uma visita de Estado de dois dias ao Reino Unido, a convite do rei Carlos III, focada no reforço das relações bilaterais de desenvolvimento económico e segurança regional.
Durante a visita oficial, o chefe de Estado sul-africano vai reunir-se também com o novo chefe do Governo britânico, Rishi Sunak, segundo a Presidência da República sul-africana.
“As visitas reais de Estado são a mais alta honra concedida a um país pelo Reino Unido na promoção das relações bilaterais e como um símbolo de respeito e da importância que o Reino Unido atribui às suas relações com um determinado país”, considerou o porta-voz do Presidente sul-africano, Vincent Magwenya.
Ramaphosa, que procura a reeleição em Dezembro na liderança do partido no poder, o Congresso Nacional Africano (ANC, na sigla em inglês), esteve no funeral de Estado da rainha Isabel II, na Abadia de Westminster, em Setembro, sendo o primeiro Presidente de um país a ser convidado para uma visita de Estado pelo monarca britânico Carlos III, desde a sua coroação, frisou Pretória.
A anterior visita de Estado de um líder sul-africano ao Reino Unido ocorreu em 2010, com o ex-presidente Jacob Zuma.
“Politicamente, ao longo dos anos, os dois países colaboraram frequentemente em várias organizações multilaterais na promoção de ideais e objectivos compartilhados, inclusive no G20 e no Conselho de Segurança das Nações Unidas”, referiu Magwenya sobre a visita de Estado ao Reino Unido.
“É o primeiro encontro a este nível após a saída do Reino Unido da União Europeia e ocorre num momento em que as economias de muitos países, incluindo da África do Sul e do Reino Unido, foram afectadas pelo impacto prolongado da pandemia do covid-19 e as consequências do conflito Ucrânia-Rússia”, salientou.
Apesar das diferenças relativamente ao vizinho Zimbabué, e recentemente à invasão russa da Ucrânia, as relações pós-apartheid entre o Reino Unido e a África do Sul mantiveram um “propósito comum”, segundo o académico Daniel Large, considerando que Londres manteve Pretória (actual Tshwane) como o seu principal aliado no continente.
“É o primeiro encontro a este nível após a saída do Reino Unido da União Europeia e ocorre num momento em que as economias de muitos países, incluindo da África do Sul e do Reino Unido, foram afectadas pelo impacto prolongado da pandemia do covid-19 e as consequências do conflito Ucrânia-Rússia”
Desde 1994, as relações bilaterais entre a África do Sul e o Reino Unido transformaram-se numa “parceria estratégica de desenvolvimento, como reflectem as trocas comerciais substanciais a nível bilateral”, sublinhou Pretória.
Dados oficiais da Presidência sul-africana indicam que, em 2021, a África do Sul foi o principal destino das exportações do Reino Unido no continente africano. Já o Reino Unido foi o 5.º maior destino das exportações da África do Sul, depois da China, Estados Unidos da América, Alemanha e Japão.
Em 2021, o comércio bilateral entre os dois países atingiu o pico mais alto em 10 anos, com 148,4 mil milhões de rands (8,2 mil milhões de euros), após registar uma queda, em 2018, de 138,6 mil milhões de rands (7,7 mil milhões de euros) para 79,2 mil milhões (4,4 mil milhões de euros), em 2019.
O comércio bilateral recuperou 21,8%, para 96,5 mil milhões de rands (5,3 mil milhões de euros), em 2020, relativamente a 2019, devido à pandemia do covid-19. O comércio bilateral entre a África do Sul e o Reino Unido aumentou durante os dois anos de 2020 e 2021, adiantou a Presidência sul-africana.
Nesse sentido, o principal objectivo de Ramaphosa, que se faz acompanhar pelos ministros das Relações Internacionais e Cooperação, Comércio e Indústria, Saúde e Educação, e Ciência e Inovação é “criar um novo ímpeto no reforço das áreas de cooperação”, nomeadamente no desenvolvimento de infra-estruturas, mineração, energia, manufactura, agro-negócio e no sector do turismo.
Segundo a nota da Presidência, Ramaphosa pretende abordar ainda o processo de paz na República Democrática do Congo (RDCongo), o levantamento das sanções no Zimbabué, o conflito na região norte de Cabo Delgado, em Moçambique, a ocupação de Marrocos do Saara Ocidental, a Área de Livre Comércio Continental Africana e os resultados da 27.ª Conferência das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas (COP27).