O Programa Mundial Alimentar das Nações Unidas (PAM) advertiu esta sexta-feira, 11 de Novembro, que será forçado a suspender a sua assistência para salvar vidas a um milhão de pessoas, no pico da época da fome em Fevereiro, a menos que um financiamento adicional seja recebido com urgência.
A directora nacional do PAM em Moçambique, Antonella D’Aprile, afirmou que “Cabo Delgado é a província de maior insegurança alimentar no país e a segurança alimentar continua a deteriorar-se”, sublinhando que “quase 1,15 milhões de pessoas na província estão a sofrer de crise ou de emergência, e os últimos dados indicam que a situação pode deteriorar-se ainda mais.”
A violência intensificou-se nos últimos meses, com ataques sem precedentes em distritos próximos da sua capital, Pemba, e na vizinha província de Nampula, forçando cada vez mais pessoas a fugir das suas aldeias. O número de pessoas deslocadas quadruplicou para quase um milhão nos últimos dois anos.
Apesar da violência generalizada, o PAM tem prestado assistência de emergência a um milhão de deslocados, incluindo em áreas anteriormente inacessíveis como Macomia, Muidumbe, Nangade, Palma e Quissanga, mas teve de reduzir as rações nos últimos meses.
Enquanto se esforça por satisfazer as necessidades dos mais vulneráveis, o “PAM está também a trabalhar para aumentar as actividades de construção de resiliência entre as comunidades vulneráveis, apoiando 44 mil pessoas na recuperação de terras e produção em Cabo Delgado. O Programa fornece ainda suplementos nutricionais para prevenir e tratar a desnutrição entre as crianças com menos de 5 anos, mulheres grávidas e lactantes”, explicou D’Aprile.
A responsável explicou que “nas zonas mais remotas do norte, o Serviço Aéreo Humanitário da ONU (UNHAS, na sigla em inglês) gerido pelo PMA é o único serviço aéreo disponível para os trabalhadores humanitários. Em Dezembro de 2020, na sequência da escalada da violência e da pandemia covid-19, o PAM abriu uma ponte aérea ligando áreas inacessíveis naquela zona. Desde então, o serviço aéreo já transportou mais de dez mil pessoas e 70 mil kg de carga humanitária, e realizou mais de 330 deslocações de segurança”.
“A situação de financiamento do PAM tem sido preocupante desde há algum tempo, estamos agora a ficar sem opções e todas estas actividades estão em risco”, anuiu.
“Para além dos desafios para financiar as suas operações de assistência alimentar, o PAM enfrenta défices de financiamento para o UNHAS, que gere em nome de toda a comunidade humanitária. O Programa necessita de 51 milhões de dólares para continuar a prestar assistência para salvar vidas a um milhão de pessoas e prestar os serviços de que tanto necessita.”, especificou a directora.
Por fim, Antonella D’Aprile referiu que, mesmo não tendo financiamento dos doadores, a organização “esforçar-se-á por manter a assistência para salvar vidas aos grupos mais vulneráveis – tais como os mais subnutridos, crianças subnutridas, mulheres grávidas e mães lactantes -, mas há muitos que talvez não possamos ajudar, a menos que seja recebido financiamento adicional com urgência”.