Moçambique recebeu garantias de apoios em recursos financeiros e materiais para continuar a reforçar a sua capacidade de adaptação, mitigação e resiliência climática. A informação foi avançada hoje, 9 de Novembro, pelo presidente da República, Filipe Nyusi, à sua chegada a Maputo, regressado de Sharm el-Sheikh, no Egipto, onde participou nas reuniões de alto nível realizadas no quadro da Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças (COP27), que decorre naquele país.
Na conferência de imprensa organizada para fazer o balanço da participação nacional nesta magna reunião, o chefe do Estado fez um relato dos resultados tendo dito, a título ilustrativo, que o International Finance Corporation (IFC, ‘braço’ do Grupo Banco Mundial para o financiamento privado) vai canalizar 120 milhões de dólares para o financiamento do projecto da linha energética de Temane.
Ainda neste quadro, Filipe Nyusi reportou que o Programa Mundial de Alimentação (PMA) assegurou que irá continuar a apoiar Moçambique com um projecto financeiro na ordem dos 20 milhões de dólares para os deslocados, incluindo para a implementação de projectos de construção de resiliência, produção de alimentos e actividade pesqueira, através de equipamentos ou materiais para esse efeito.
Também segundo informou o presidente da República, o Banco Mundial tem em vista a mobilização de seis mil milhões de dólares para o financiamento de países que estruturarem projectos sustentáveis direccionados para os mercados de carbono. E as Nações Unidas prometeram, por sua vez, disponibilizar cerca de 3,5 mil milhões de dólares para projectos de sistemas de aviso prévio de fenómenos e eventos climáticos destinados aos países em desenvolvimento.
De forma multilateral, o Banco Africano de Desenvolvimento (BAD) informou que pretende mobilizar, até 2050, cerca de 800 milhões de dólares para iniciativas integradas no âmbito das energias limpas. Já os Países Baixos mostraram-se disponíveis para financiar projectos de segurança hídrica, uma acção integrada no âmbito da Conferência Mundial da Água que este país europeu vai hospedar no próximo ano.
O presidente da República explicou que, nos vários encontros realizados, o Executivo moçambicano deixou clara a sua visão, experiências e apelos sobre a necessidade de toda a Humanidade se juntar na acção de protecção do planeta Terra.
Foi igualmente vincada, segundo Nyusi, a importância da protecção das florestas do Miombo, tendo sido realçada ainda a experiência moçambicana na instalação dos sistemas de aviso prévio em todo o território nacional e, ao mesmo tempo, partilhado o programa da iniciativa presidencial “Um Distrito, Uma Estação Meteorológica”.
Na mesma esteira, falou-se sobre os esforços desencadeados por Moçambique para a instalação do Centro Regional das Operações Humanitárias e de Emergência planificado para o distrito de Nacala, na província de Nampula.
Filipe Nyusi informou ainda que foi, de forma muito profunda, partilhada e clarificada a visão de Moçambique sobre o conceito de transição energética, onde frisou que esta deve ser gradual. “E o uso do gás natural é fundamental para gerar recursos que são necessários ao desenvolvimento, num instrumento de energias limpas. Até porque a própria União Europeia já considera o gás como energia verde”, disse o chefe do Estado.
No Egipto, e à margem da COP 27, o presidente da República manteve encontros bilaterais e contactos diplomáticos com alguns chefes de Estado e de Governo e organizações internacionais, tendo conferenciado com os chefes de Estado do Quénia, Zâmbia, Maláui, Namíbia, África do Sul, Portugal e Emirados Árabes Unidos.
Das organizações internacionais, o presidente da República encontrou-se com o presidente do Banco Mundial, com responsáveis do International Finance Corporation e do Millenium Challange Corporation, que reafirmaram a aprovação do programa Compacto II, bem como do Programa Mundial de Alimentação.