Os navios carregados com cereais partirão dos portos ucranianos novamente, hoje, quinta-feira, 3 de Novembro, apesar de a Rússia ter suspendido o acordo correspondente, informou o Centro de Coordenação Conjunta de Istambul (JCC, sigla em inglês).
“As exportações de cereais e alimentos da Ucrânia precisam de continuar. Embora nenhum movimento de navios esteja planeado para 2 de Novembro sob a ‘Iniciativa do Mar Negro a favor do cereal’, esperamos que alguns navios carregados partam já esta quinta-feira”, declarou o coordenador das Nações Unidas na delegação do JCC, Amir Abdulla, na rede social Twitter.
Pouco depois, o ministro das Infra-estruturas da Ucrânia, Oleksandr Kubrakov, também garantiu, na mesma rede social, que “Iniciativa do Mar Negro a favor do cereal’ continua. Na quinta-feira [hoje], oito navios com produtos agrícolas deverão passar pelo corredor dos cereais. Recebemos a confirmação das Nações Unidas”, referiu ainda Kubrakov. “Serão também realizadas inspecções no Bósforo esta quinta-feira”, acrescentou o ministro ucraniano.
Moscovo suspendeu o acordo, assinado em Julho, após um ataque com drones à frota militar russa em Sebastopol, mas até terça-feira os cargueiros continuaram a navegar, confirmou o JCC.
Este órgão estabelecido em Istambul, e composto por delegados russos, ucranianos, turcos e das Nações Unidas, anunciou na terça-feira que esta continuação é “excepcional e temporária”, e que no dia 2 de Novembro não são esperados movimentos de navios.
“Esses produtos não estão na lista das sanções, mas os navios que os transportam não podem atracar nos portos, não podem contratar seguros, não podem ser pagos”
Numa conferência em Ancara, ontem, quarta-feira, o ministro dos Negócios Estrangeiros turco, Mevlüt Çavusoglu, explicou que tinha falado duas vezes com o seu homólogo russo, Sergei Lavrov, para avaliar os problemas com o acordo de cereais, e que a Rússia tinha “preocupações de segurança” após o ataque à sua Marinha em Sebastopol.
“Não estou a dizer que [os russos] estão certos ou errados, mas têm exigências de segurança. E escreveram também para a ONU a propósito dos obstáculos às exportações russas de cereais e fertilizantes. Isso não é novo”, disse Çavusoglu.
Esses produtos “não estão na lista das sanções, mas os navios que os transportam não podem atracar nos portos, não podem contratar seguros, não podem ser pagos”, referiu o ministro da diplomacia turca sobre as queixas de Moscovo.
Numa entrevista à imprensa, por seu lado, o ministro da Defesa turco, Hulusi Akar, explicou que o seu homólogo russo, Sergei Shoigu, já lhe havia indicado, antes do ataque a Sebastopol, o seu desconforto pelo facto de a Rússia não receber as mesmas facilidades que a Ucrânia para exportar os seus produtos.
Akar insistiu que o seu Governo está a fazer todos os possíveis para restabelecer a validade do acordo, mas comentou que os navios com bandeira turca, que fazem a rota para os portos ucranianos, “não enfrentam problemas”. Esses navios “continuarão a zarpar”, previu o ministro turco.