Os dois co-presidentes da Assembleia Parlamentar Paritária ACP-UE recomendaram nesta segunda-feira, 31 de Outubro, o reforço de organizações multilaterais, como o organismo que lideram, para responder às crises provocadas por um “mundo de incertezas”.
“Temos de recuperar a solidariedade multilateral da qual as Nações Unidas e a parceria África, Caraíbas, Pacífico (ACP) e União Europeia (UE) e esta assembleia são verdadeiros bastiões. E a partir destes bastiões iniciar um novo ciclo de confiança e de recuperação”, referiu o eurodeputado Carlos Zorrinho.
O português falava na qualidade de co-presidente, líder da delegação europeia, na abertura da 42.ª sessão da assembleia, em Maputo.
“Legisladores de diferentes continentes estão unidos na convicção de que apenas juntos podemos enfrentar este tempo de incerteza, encontrando respostas que sejam úteis para os anseios das pessoas”, sublinhou. “Nenhum desafio global poderá ser respondido de forma isolada por cada país, seja sobre vacinas, como aconteceu para fazer face à pandemia, seja para manter o fornecimento de cereais ao mundo, apesar da guerra na Ucrânia”.
“Como podemos conseguir respostas globais quando há tantas divisões entre potências? Apenas se reforçarmos a dimensão multilateral”, que representa a “esperança” para “reconstruir um mundo em que todos falamos com todos”, sublinhou Carlos Zorrinho.
O co-presidente pelo grupo ACP, Peter Kenilorea, deputado das ilhas Salomão, classificou os desafios da actualidade como “enormes”, considerando que os países devem “estar à altura” para os ultrapassar “em conjunto”.
“A escassez alimentar provocada pela guerra na Ucrânia e o combate ao terrorismo também fazem parte da agenda”
Mas disse ainda que as crises não devem impedir os países ACP de tirar partido da revolução económica digital, nem devem fazer esquecer outras lutas, como o combate à corrupção ou à exploração ilegal de recursos naturais, temas que estarão em debate durante a reunião de Maputo até quarta-feira.
A escassez alimentar provocada pela guerra na Ucrânia e o combate ao terrorismo também fazem parte da agenda.
Peter Kenilorea vai dar o lugar de co-presidente à deputada moçambicana da Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo) Ana Rita Sithole, para um mandato de dois anos que começa a 1 de Janeiro de 2023.
Na cerimónia desta segunda-feira, o presidente da República, Filipe Nyusi, destacou a parceria do País com a UE e voltou a pedir mais apoios para o combate ao terrorismo em Cabo Delgado, a par de uma atenção especial no que diz respeito a enfrentar os desastres naturais.
Carlos Zorrinho deixou um sinal, ao referir que poderá haver mais novidades e apoio reforçado em breve.
A UE e os países ACP têm um acordo de parceria (Acordo de Cotonu, nome da capital do Benim onde foi assinado, em 2000) que já devia ter sido renovado, lamentando Carlos Zorrinho o que classificou como “bloqueio” da Hungria.
O eurodeputado espera uma solução para o impasse, junto do Conselho Europeu e grupo ACP, até final de Novembro, por forma a modernizar o acordo em termos já definidos e evitando uma nova prorrogação do antigo texto (a actual prorrogação está em vigor até 2023).