Moçambique e Ruanda estão a ponderar estabelecer uma parceria no sector da aviação, informou na última sexta-feira, 28 de Outubro, a ministra dos Negócios Estrangeiros e Cooperação de Moçambique, Verónica Macamo.
A possibilidade foi debatida pelos chefes de Estado dos dois países, no âmbito de uma visita de trabalho que o presidente ruandês, Paul Kagame, realizou na sexta-feira a Moçambique.
“Os dois estadistas focalizaram as suas atenções na exploração das linhas aéreas dos dois países, que permitam tornar expeditas as viagens de Moçambique para várias partes do mundo, usando as linhas aéreas do Ruanda, aproveitando a posição em que o Ruanda se encontra no mundo”, declarou à comunicação social, em Maputo, Verónica Macamo, sem avançar mais detalhes sobre a operação.
Além da cooperação na área da aviação, segundo Verónica Macamo, o presidente da República, Filipe Nyusi, e o seu homólogo ruandês analisaram a cooperação entre as suas nações nas áreas económica e de defesa, destacando os esforços dos jovens soldados que estão na linha da frente do combate contra o terrorismo na província de Cabo Delgado, onde o Ruanda apoia as forças moçambicanas no combate a grupos rebeldes.
“Os dois líderes saudaram de forma geral os valentes jovens moçambicanos e ruandeses que, com apoio das forças da Missão da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral, não poupam esforços para travar a acção dos terroristas no nosso solo pátrio”, declarou a chefe da diplomacia moçambicana.
A província de Cabo Delgado tem sido aterrorizada desde 2017 por uma violência armada, sendo alguns ataques reclamados pelo grupo extremista Estado Islâmico.
A insurgência levou a uma resposta militar desde há um ano com apoio do Ruanda e da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC), libertando distritos junto aos projectos de gás, mas surgiram novas vagas de violência a sul da região e na vizinha província de Nampula.
Em cinco anos, o conflito já fez um milhão de deslocados, de acordo com o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR), e cerca de 4000 mortes, segundo o projecto de registo de conflitos ACLED.