A agência de notação financeira Standard & Poor’s (S&P) decidiu na última sexta-feira, 21 de Outubro, manter o ‘rating’ de Moçambique em CCC+ e com perspectiva estável, alertando para a importância do reinício dos projectos de exploração de gás.
“A capacidade de Moçambique em cumprir as suas obrigações comerciais depende significativamente do recomeço e finalização de um projecto fundamental de gás natural liquefeito liderado pela TotalEnergies”, lê-se na nota que acompanha a decisão de manter o ‘rating’ em CCC+ com “Perspectiva de Evolução Estável”.
No relatório, a S&P diz que “o projecto tem sido adiado devido aos persistentes riscos de segurança na região de Cabo Delgado, mas sem uma significativa deterioração da situação de segurança, o projecto poderá recomeçar na segunda metade de 2023”.
A perspectiva de evolução estável para o rating – que continua assim num dos lugares mais baixos da escala de ‘rating’, indicando que há vulnerabilidade e risco para os investidores – tem em conta a actual capacidade financeira do País e as incertezas relativamente às receitas futuras.
“O outlook estável equilibra a nossa visão sobre a capacidade financeira de Moçambique para cumprir as suas obrigações financeiras nos próximos 12 meses, com as incertezas sobre quando é a que a produção de gás natural liquefeito vai começar e as receitas associadas ficam disponíveis para o Governo”, lê-se na explicação detalhada sobre a acção de ‘rating’.
A S&P prevê que a dívida pública de Moçambique, uma das mais elevadas na África Subsaariana, se situe à volta dos 90% até 2025, com a dívida das empresas públicas a representar 25% do Produto Interno Bruto (PIB), sendo que, deste valor, 70% está ligado aos desenvolvimentos dos projectos de gás natural, razão pela qual a evolução da economia moçambicana está profundamente dependente da melhoria das condições de segurança na província de Cabo Delgado e do regresso da TotalEnergies.
As previsões da S&P apontam também para uma aceleração do crescimento económico, de 2,3% em 2021, para 3,8% este ano, impulsionado pelo forte desempenho dos sectores extractivos, podendo crescer ainda mais para uma média de 6% entre 2024 e 2025 com o recomeço das obras da TotalEnergies e o início da exploração de gás.
“As perspectivas de crescimento a longo prazo podem melhorar ainda mais se o gás natural liquefeito for usado como uma fonte eficiente de energia para a geração de electricidade em Moçambique”, concluem os analistas.