Um grupo armado desconhecido atacou na noite de quarta-feira, 19 de Outubro, as instalações de uma empresa de mineração de rubis no sul de Cabo Delgado, e levou à evacuação de outra, anunciaram as autoridades e empresas.
O alvo foi a empresa Gemrock, em Namanhumbir, no distrito de Montepuez, com a destruição de casas e veículos, sem indicação de vítimas, referiu a polícia local citada pela Televisão de Moçambique (TVM).
As instalações ficam a 12 quilómetros de outra empresa, a Montepuez Rubi Mining (MRM), da multinacional Gemfields, que, entretanto, através de comunicado, anunciou a evacuação do espaço e a suspensão de actividades.
“Um ataque atribuído à actividade insurgente foi relatado na mina de rubis vizinha pertencente à Gemrock”, informou, acrescentando que “os detalhes do ataque estão a ser verificados”.
“Como consequência, a MRM iniciou o processo de evacuação de colaboradores operacionais e empreiteiros e, portanto, as operações de mineração no local cessaram”, lê-se no documento.
O portal do Governo do Reino Unido (onde a Gemfields está sediada) emitiu um alerta na área dedicada a viagens, a recomendar que se evite a zona de Montepuez, no norte de Moçambique.
As autoridades moçambicanas ainda não comentaram a situação.
Outras empresas mineiras têm sido afectadas nos últimos cinco meses.
A confirmar-se a ligação à insurgência armada (que há cinco anos afecta o norte do País), este será o mais recente incidente de uma expansão de ataques para sul, à medida que uma ofensiva militar afasta a violência para longe dos projectos de gás.
No entanto, a população e as autoridades também têm detido residentes que se organizam sob a cobertura da insurgência para realizar assaltos na região.
De uma forma ou de outra, desde Junho que a faixa sul de Moçambique, delimitada pelo rio Lúrio, perdeu a tranquilidade que a transformou em zona de acolhimento de deslocados da guerra.
Há cinco meses, desconhecidos com armas mataram dois seguranças da empresa mineira Grafex, que explora grafite no distrito de Ancuabe. O incidente levou uma outra mineradora de grafite, a australiana Syrah, que opera em Balama, Montepuez, a suspender as operações logísticas – que seriam retomadas duas semanas depois.
O conflito já fez um milhão de deslocados, de acordo com o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR), e cerca de 4000 mortes, segundo o projecto de registo de conflitos ACLED.