O director do departamento africano do Fundo Monetário Internacional disse esta sexta-feira, 14 de Outubro, que as principais prioridades na região são a insegurança alimentar, as finanças públicas, a inflação e a criação de condições para um crescimento sustentável.
“Há quatro prioridades urgentes para enfrentar a emergência actual: combater a insegurança alimentar para proteger os mais vulneráveis, consolidar as finanças públicas apesar das condições de financiamento mais difíceis, conter a inflação através de um aumento cauteloso e gradual das taxas de juro e criar as condições para um crescimento resiliente e de alta qualidade face à aceleração das alterações climáticas”, disse Abebe Aemro Selassie, na conferência de imprensa para apresentação do relatório sobre as perspectivas económicas para a África Subsaariana.
O crescimento previsto para este ano para África é de 3,6%, o que representa um “abrupto abrandamento” face aos 4,7% registados no ano passado, apesar da pandemia de covid-19, mas representa um valor abaixo do necessário para garantir o desenvolvimento do continente, disse Selassie.
“O aumento dos preços da energia e dos alimentos estão a atingir os mais vulneráveis da região, com 123 milhões de pessoas em situação de severa insegurança alimentar”, acrescentou o responsável, vincando que “os níveis de dívida pública e a inflação estão em níveis inéditos há décadas, com uma inflação acima de dois dígitos em mais de um terço dos países”.
Na conferência de imprensa, Selassie admitiu que a saída da crise em que estão mergulhados muitos países vai exigir um equilíbrio difícil entre lidar com os problemas de curto prazo e construir as condições para resistir melhor a futuros choques.
“O FMI reviu em baixa a previsão de crescimento para a África Subsaariana, estimando agora um crescimento de 3,6% e 3,7% neste e no próximo ano, com a inflação a subir para 14,4%”
“Com o crescimento das necessidades sociais, aumento dos desequilíbrios, recursos financeiros esgotados e com opções cada vez mais estreitas, muitos decisores políticos vão precisar de alcançar um equilíbrio difícil, que é lidar com as crises humanitárias e económicas actuais, mas ao mesmo tempo acumular almofadas financeiras e enquadramentos políticos mais sólidos para suportar melhor os choques do futuro”, concluiu o responsável.
O director do departamento africano do FMI anunciou também que o Ruanda será o primeiro país a aceder ao Fundo de Resiliência e Sustentabilidade, que vai permitir ao país aceder a mais fundos para combater a insegurança alimentar e os impactos das alterações climáticas.
“O Ruanda é o primeiro na região, e o terceiro no mundo, a seguir a Barbados e Costa Rica, a aceder a este fundo; o FMI foi uma das principais instituições a incrementar a ajuda financeira para os países terem mais espaço fiscal para lidar com os desequilíbrios”, vincou Selassie.
O Fundo Monetário Internacional reviu em baixa a previsão de crescimento para a África Subsaariana, estando agora “ligeiramente pior que a previsão de Julho, com um declínio de 4,7% em 2021, para 3,6% e 3,7% em 2022 e 2023, respectivamente, o que representa revisões em baixa de 0,2 e 0,3 pontos percentuais”.