Os produtores e as empresas de processamento da castanha de caju alcançaram nesta quarta-feira, 12 de Outubro, consenso sobre o preço a vigorar na campanha de comercialização prestes a iniciar.
Assim, o quilograma da castanha de caju em bruto deverá ser adquirido ao produtor por um preço de 37 meticais, valor relativamente baixo em relação ao praticado na última campanha.
Dados partilhados no final do encontro de concertação que aconteceu ontem, em Maputo, indicam que, numa primeira fase, os produtores defendiam um preço de 40 meticais por quilo, contra os 30 meticais propostos pela Associação Industrial do Caju (AICAJU).
Olegário Banze, vice-ministro da Agricultura e Desenvolvimento Rural, apontou ao Notícias que o preço de 37 meticais é o possível, tendo em conta a necessidade de se continuar a valorizar o esforço empreendido pelo produtor e, ao mesmo tempo, assegurar a sustentabilidade da indústria nacional.
Para o governante, o preço a praticar este ano está a ser influenciado pela situação no mercado internacional, onde continuam a existir stocks elevados da castanha produzida no ano anterior, estimados em mais de um milhão de toneladas.
Banze explicou ainda que a existência desses stocks bem como a entrada de novos players na produção de castanha, como é o caso da Costa do Marfim, e as pressões inflacionárias geradas pela guerra russo-ucraniana concorreram para o abrandamento da procura de castanha no mercado internacional, numa altura em que países como Moçambique precisam de vender a sua produção.
No global, o País espera produzir este ano cerca de 150 mil toneladas da castanha em bruto, um incremento em cerca de sete por cento em relação ao ano passado.
O governante declarou não ser ainda possível estimar a quantidade da castanha a ser processada internamente, sobretudo porque os baixos preços que vigoram no mercado internacional não incentivam o seu processamento interno.
Mesmo assim, Olegário Banze disse estar optimista em relação à manutenção dos postos de emprego gerados pela indústria processadora, até porque, segundo ele, no encontro de ontem os industriais não manifestaram nenhuma intenção de despedir trabalhadores. No entanto, mostrou reservas sobre se o processamento interno poderia ser alternativo aos baixos preços praticados no mercado internacional. “O problema é que os baixos preços, neste momento, também afectam a própria amêndoa processada. Acreditamos que seja um ciclo que vai passar rapidamente, daí considerarmos que não deve haver pânico”, tranquilizou.
Em Moçambique, a produção do caju é considerada estratégica para a economia, tendo em conta que se constitui como uma fonte de renda para mais de 1,4 milhões de pequenos produtores, além de gerar outro tipo de serviços como, por exemplo, a pulverização.