Eruptio, do latim erupção, é a mais recente criação do enólogo Bernardo Cabral. Chega da ilha do Pico, Portugal, que talvez seja a ilha mais vulcânica, diz o enólogo, com certa adoração, referindo-se à ilha como um “território de rocha preta a tocar o mar, de vinhas fustigadas pelos ventos e pelo mar salgado, que desafiam o homem a conseguir o impossível”.
Bernardo define os vinhos como “a expressão líquida que representa o terroir vulcânico e atlântico; em cada garrafa está presente o saber e a resiliência de muitas gerações de viticultores que, em condições extremas, conseguem produzir uvas com uma qualidade excepcional.
O projecto conta com outro interveniente, Manuel Bio, CEO do grupo Abegoaria, que também não ficou insensível à essência da ilha: “Quando visitámos as vinhas no Pico e falámos com os pequenos produtores de uvas, percebemos que aquilo é muito diferente. No Pico tudo é levado ao extremo”.
A gama Eruptio é composta por um primeiro vinho, o Eruptio Blend, feito com um lote de castas com grande base de Arinto dos Açores e Verdelho, de diversas zonas da ilha, de várias exposições. É da colheita de 2019, um ano muito específico que “deu muitas dores de cabeça”.
A restante gama mostra o temperamento das três monocastas do Pico, Verdelho, Arinto dos Açores e Terrantês do Pico, cada uma muito especial com uma abordagem muito própria, oriundas de zonas muito concretas.
A gama Eruptio é composta por um primeiro vinho, o Eruptio Blend, feito com um lote de castas com grande base de Arinto dos Açores e Verdelho, de diversas zonas da ilha, de várias exposições
O Arinto dos Açores, de vinhas bastante velhas, é fermentado numa grande cuba de madeira, de uma zona que tem exposição norte (Bandeiras).
A Verdelho é a casta que faz Bernardo sentir que está a mergulhar numa poça de água junto ao mar. Abordagem muito minimalista, muito directa à casta, na busca de “tensão com untuosidade”. Para o enólogo, são vinhos que resultam de uma “abordagem muito humilde”, sustentada na maturidade e na confiança da experiência adquirida de fazer, há algum tempo, vinhos no Pico.
Bernardo Cabral antecipa a experiência do que é provar um vinho dos Açores, descrevendo com três palavras-chave: “Salinidade, vulcão e a incrível frescura”. E acrescenta: “Plantar vinhas junto da montanha é uma desgraça, não se consegue, pois chove imenso. Como tal, tem que se aproximar as vinhas do mar onde recebe a influência do sal, da temperatura da água, a água fria que baixa a temperatura média e que garante que a acidez fique até ao momento em que vinificamos aquelas uvas. São os factores que marcam profundamente estes vinhos e que não se encontram, ainda hoje, em mais nenhuma parte do mundo. Existem isoladamente, mas nos Açores estes factores reúnem-se”.
No total, para as quatro referências, o Eruptio soma 35 mil garrafas. Segundo Manuel Bio, este é um vinho posicionado para a restauração média/alta, garrafeiras especializadas e espaços de produtos de alta gastronomia.