O excesso de burocracia bem como a morosidade dos procedimentos aduaneiros na fronteira de Ressano Garcia, que liga Moçambique à África do Sul, está a gerar enormes prejuízos à empresa pública Portos e Caminhos de Ferro de Moçambique (CFM).
De acordo com o PCA da empresa, Miguel Matabel, a CFM perdeu, nos últimos meses, cerca de 5,3 milhões de meticais, devido a esta situação.
Falando esta semana, em Maputo, o gestor da CFM explicou que, apesar do acordo assinado recentemente com a sua congénere da África do Sul, a Transnet Freight Rail, para a remoção da fronteira ferroviária em Ressano Garcia, as locomotivas são obrigadas a permanecer no local, por até dez horas, à espera de despachos aduaneiros, facto que torna aquele corredor menos produtivo do que se esperava.
Segundo Matabel, a expectativa era que a remoção das fronteiras ferroviárias permitisse o aumento dos níveis de produção e redução do tempo de espera no corredor de Maputo.
“Esta situação é constrangedora porque, ao assinarmos o acordo com a nossa congénere da África do Sul, pretendíamos eliminar os longos períodos de espera que observávamos para a troca de locomotivas, mas surgiu este fenómeno alfandegário que, até certo ponto, ‘belisca’ a credibilidade do País”, lamentou PCA.
O PCA da CFM indicou que a longa espera devido aos procedimentos aduaneiros em Ressano Garcia é tão mais preocupante tendo em conta que o transporte ferroviário, sobretudo o de minérios, enfrenta uma forte concorrência dos operadores rodoviários.
“Como empresa, também temos estado a direccionar enormes investimentos em meios circulantes para fazer face à demanda e, quando encontramos barreiras, geram-se prejuízos difíceis de recuperar”, indicou Matabel, considerando urgente a tomada de medidas correctivas.
Nos últimos dias, os Caminhos-de-Ferro de Moçambique iniciaram o processo de descarregamento de 150 vagões que fazem parte de um lote que contém 300 unidades adquiridas este ano para o reforço nos sistemas ferroviários nas zonas sul e centro.
A empresa pretende colocar à disposição dos clientes mais de 900 vagões para o transporte de diversas mercadorias com destino a vários pontos do mundo.
No total, Miguel Matabel revelou que está a ser feito um investimento de cerca de 29 milhões de dólares, disponibilizados pela banca, para a aquisição dos equipamentos.