Como seres humanos, somos dotados de uma função cerebral altamente desenvolvida, que inclui a capacidade de articular a fala e o raciocínio abstracto. Isto reflecte essencialmente, a capacidade de nos expressarmos, compreendermos e pensarmos na ausência de experiências ou situações específicas.
O luto, por exemplo, é uma resposta humana natural à perda de um ente querido. A negação, raiva, barganha, depressão e a aceitação são meras tentativas para processar esta mudança. Os sentimentos associados ao luto em humanos incluem a tristeza, preocupação, frustração, raiva e culpa. O afastamento e o isolamento são uma expressão social do luto.
No entanto, esta característica não é exclusiva dos humanos, pois há evidências crescentes de que os animais podem compartilhar a capacidade dos humanos de reflectir, monitorar e regular os seus estados de espírito. Desde chimpanzés a lontras e leões marinhos, os animais sofrem assim como os humanos e é reconhecível de forma comum, pelas mudanças no apetite, vocalização, hábitos, personalidade e hábitos de higiene.
Os elefantes, que estão entre os animais mais inteligentes do planeta, parecem celebrar rituais de morte complexos. Desde cobrir os seus grandes corpos com folhas e ramas, até se interessar pelos ossos das carcaças, esses gentis gigantes parecem lamentar elefantes falecidos, mesmo que não sejam parentes.
Os primatas geralmente têm estruturas sociais complexas semelhantes às dos humanos e também parecem lamentar os seus mortos. As mães chimpanzés, espécie rotulada como a mais evoluída, expressam tristeza ao carregar com elas os corpos sem vida dos seus bebês durante meses. Embora os cientistas não sejam capazes de explicar completamente esse comportamento, passar tempo com um membro do grupo falecido, é um comportamento com o qual nós humanos, sentimos empatia.
Este fenômeno não ocorre apenas em terra. Várias espécies de mamíferos marinhos foram vistas agarradas ao corpo de um companheiro ou parente morto. A explicação mais provável para a incapacidade dos animais de se livrar dos cadáveres é precisamente a dor e luto. Inteligentes e muitas vezes sociáveis, os mamíferos marinhos como as baleias, os golfinhos e as orcas desenvolvem laços estreitos uns com os outros.
Os corvos, um dos meus animais favoritos, também estão entre os poucos animais que exibem uma resposta social perante um membro morto da sua espécie. Embora os seus gritos assemelhem ruídos de corações partidos, os agrupamentos em torno de um corvo falecido não lamentam propriamente a perda. Ao ficar perto de um corvo que foi morto, os outros corvos podem melhorar as suas chances de aprender sobre predadores que precisam evitar. Os ‘funerais’, neste caso, servem para avaliar o perigo e desencadear o comportamento anti predador.
Mas, muitas vezes, esses vínculos e modalidades de luto transcendem as espécies. Nos humanos, a perda de um cão é dolorosa porque simboliza a perda de uma fonte de amor incondicional, um companheiro que proporciona segurança e conforto. Por outro lado, embora os cães possam não entender toda a extensão da ausência humana, eles entendem o sentimento emocional de sentir a falta de alguém que não faz mais parte de suas vidas diárias. Na verdade, os cães não precisam da morte para expressar o seu desconforto com a perda, pois quando estão separados de seu dono ou cuidador, muitas vezes sofrem de ansiedade de separação.
Durante um minuto de silêncio, tiramos o chapéu, inclinamos a cabeça e mostramos respeito aos nossos entes queridos; humanos e criaturas vivas com as quais partilhamos as etapas do ciclo da vida; nascimento, crescimento, reprodução e a morte.