O Presidente sul-africano, Cyril Ramaphosa, que encurtou uma deslocação ao estrangeiro devido ao agravamento da crise de falta de electricidade, advertiu esta segunda-feira, 26 de Setembro, os sul-africanos que não devem contar com melhorias “a curto prazo”.
“Face ao desempenho incerto do parque de centrais eléctricas a carvão (pertencentes à empresa pública sul-africana Eskom), não seremos capazes de parar a curto prazo os cortes de potência. Esta é a triste realidade de uma situação que se arrasta há muito tempo”, escreveu o chefe de Estado, na carta semanal à nação.
Depois de várias semanas de quebras intensas de potência entre Junho e Julho, em pleno Inverno austral, a maior companhia eléctrica de África volta aos cortes drásticos de energia, porque a rede nacional não consegue produzir energia suficiente, em resultado de anos de má gestão e de corrupção.
Nas duas últimas semanas, os consumidores domésticos, assim como empresas, têm sido afectados por vários cortes que se prolongam por várias horas. Este sistema de cortes de potência está a ser aplicado há 15 anos.
Ramaphosa, que se encontrava em viagem pelos Estados Unidos e Londres, anunciou um regresso antecipado ao país na semana passada para dar uma resposta à crise.
“Estas duas últimas semanas de cortes de potência têm sido extremamente frustrantes e difíceis. A raiva do público justifica-se”, disse o Presidente, acrescentando que a escassez de energia está a “pôr em risco” a economia.
“Para já, o nosso objectivo é reduzir a frequência e a gravidade dos cortes de energia, resolvendo as avarias nas centrais elétricas”, explicou.
O aumento das temperaturas com a chegada da Primavera leva geralmente a uma queda no consumo e reduz a pressão sobre as centrais eléctricas envelhecidas e em mau estado de manutenção.
Um elevado número de avarias levou a uma queda dramática na produção eléctrica, que está também a sofrer de problemas de fornecimento de carvão.
Cerca de 80% da electricidade produzida na África do Sul depende do carvão, o que resulta em níveis de poluição graves, que os ambientalistas têm denunciado.
Ramaphosa apelou aos sul-africanos para “utilizarem a electricidade com moderação” e garantiu que as medidas para criar novas capacidades de produção estão a progredir, “ainda que os efeitos não se façam sentir de imediato”.
O Presidente anunciou em Julho que a produção de energia será aberta ao sector privado. O país, que obteve 7,7 mil milhões de euros para a transição energética por altura da Conferência das Nações Unidas para as Alterações Climáticas, COP26, em Novembro de 2021, assinou os primeiros acordos para a produção de energia eólica na semana passada.